terça-feira, 30 de julho de 2013

2ª Carta Pastoral à Arquidiocese de São Paulo Ano da fé 2012-2013 - Parte V

Estamos no Ano da Fé que está sendo contemplado com reflexão baseados em 12 textos da Bíblia os quais publicaremos durante as semanas seguintes, iniciando com um trecho da Carta de apresentação do Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer.
Que possam desfrutar desses momentos para que permaneçam firmes da fé não importando por qual situação estejam passando e possamos juntos dizer:
Senhor aumentai a nossa Fé! 



"...O Ano da Fé é, pois, um “tempo favorável” para renovar o conhecimento e apreço pela fé que recebemos, e para a professarmos com firmeza e alegria. Desejo, com esta Carta Pastoral, oferecer a todos os filhos e filhas da amada Arquidiocese de São Paulo uma reflexão motivadora e, ao mesmo tempo, as necessárias orientações para a vivência do Ano da Fé em nossa Comunidade Eclesial Metropolitana, colocada sob o patrocínio do Apóstolo São Paulo, grande missionário, mestre e testemunha da fé!"

5. “Ainda haverá fé sobre a terra?” (Lc 18,8)

Um dia, Jesus fez esta pergunta intrigante aos apóstolos: “O Filho do Homem, quando vier, ainda vai encontrar fé sobre a terra?” (Lc 18,8). A fé, se não é cultivada, pode esfriar e até se extinguir; e, então, a pessoa já não sente nada em relação a Deus, nem se importa em procurar Deus ou em seguir seus Mandamentos; cai no indiferentismo religioso e vai entrando pelo caminho da negação da fé. Quantas vezes ouvimos dizer que alguém “perdeu” a fé, ou abandonou” a fé”...
A fé perdida deixa um vazio muito grande e faz falta na vida; esse vazio acaba sendo preenchido por outras coisas e ocupações, que vão tomando o lugar de Deus na vida das pessoas. A perda da fé não é, geralmente, um ponto de chegada, mas o início de um caminho que leva à idolatria ou à magia, pois o vazio de Deus precisa ser preenchido no coração humano.
Ídolo é tudo aquilo que toma o lugar de Deus. Muitas vezes, o próprio homem quer tomar o lugar de Deus, proclamando-se o “deus” de si mesmo; esta tentação é tão antiga como a humanidade e, já no paraíso terrestre, Adão e Eva caíram nela: “sereis como Deus!” (cf Gn 3,5).
O abandono da fé em Deus é uma realidade preocupante.
Vivemos um tempo de crise de fé, que se caracteriza pela superficialidade na adesão a Deus e às verdades da fé proclamadas pela Igreja; o subjetivismo leva facilmente as pessoas a escolherem o que mais gostam e traz mais vantagem, em vez daquilo que é “verdade”. Muitos não conhecem mais qual é a nossa fé, nem sabem explicar a si ou aos outros aquilo que faz parte da nossa fé; podemos falar de um analfabetismo religioso bastante comum. Há também a fé apenas vaga e superficial, que não é regularmente
alimentada mediante a prática religiosa e a participação na vida da Igreja, onde a fé pode tornar-se esclarecida e forte. Há ainda o lamentável abandono da fé e da prática religiosa católica, a “migração” de religião para religião, sem aderir com convicção e firmeza a nenhuma. Isso acaba levando ao indiferentismo.
Não é novidade e esses fatos sempre existiram; mas hoje preocupa a dimensão que esse fenômeno alcançou; a pergunta de Jesus manifesta a sua preocupação com relação ao esvaziamento e à perda da fé. Também hoje, isso não pode deixar tranqüilo a ninguém que tem fé firme e ama sua fé e a Igreja, zeladora, testemunha e transmissora da fé herdada dos Apóstolos. É por isso que celebramos o Ano da Fé, proclamado pelo Papa Bento XVI: é
uma ocasião de ouro para uma nova tomada de consciência sobre a nossa fé, para o seu testemunho e proclamação pública e para intensificar a transmissão da fé aos outros.
São Paulo fala dos “filhos na fé” (cf 1Tm 1,2), que ele gerou para a fé em Cristo Jesus mediante o anúncio do Evangelho (cf 1Cor 4,15). Quantos já ajudamos a “nascerem para a fé”? Seria muita pena se nós não transmitíssemos nossa fé aos outros, se esse tesouro precioso fosse enterrado conosco, sem que o tenhamos passado a outros... Seria a falência da missão da Igreja e a frustração da nossa vocação de discípulos de Jesus, enviados ao mundo como missionários para anunciar a Boa Nova a todos os povos, em todos
os tempos (cf Mt 28,19).

Nenhum comentário:

Postar um comentário