domingo, 21 de outubro de 2012

A CRUZ DE CRISTO: DA MALDIÇÃO À REDENÇÃO - Parte II



(...CONTINUAÇÃO)


4. A CRUZ NO ENSINAMENTO DE JESUS

-“Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim” (Mt 10,38; 16,24; Mc 8,34).

-“Jesus disse a todos: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga.” (Lc 9,23; 14,27).

5. A CRUZ NA TEOLOGIA DE SÃO PAULO APÓSTOLO

-“Sabemos muito bem que o nosso homem velho foi crucificado com Cristo”. (Rm 6,6)

-“A fim de que não se torne inútil  a cruz de Cristo. Pois a linguagem da cruz é loucura para aqueles que se perdem. Mas para aqueles que se salvam, para nós, é poder de Deus”. (1Cor 1,17-18).

-“Os judeus pedem sinais e os gregos procuram a sabedoria; nós, porém, anunciamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos. Mas para aqueles que são chamados, tanto judeus como gregos, ele é o Messias, poder de Deus e sabedoria de Deus. A loucura de Deus é mais sábia de que a sabedoria dos homens”. (1Cor 1,23-25).

-“Entre vocês, eu não quis saber outra coisa a não ser Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado”. (2Cor 2,2).

-“Deus, a plenitude total, quis nele habitar, para, por meio dele, reconciliar consigo todas as coisas, tanto as terrestres como as celestes, estabelecendo a paz por seu sangue derramado na cruz.” (Gl 1,20);

-“Fui morto na cruz com Cristo. Eu vivo, nas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim. E esta vida que agora vivo, eu a vivo pela fé no Filho de Deus que me amou e se entregou por mim”. (Gl 2,19-20; 3,1; 5,11); -“Os que pertencem a Cristo crucificaram os instintos egoístas junto com suas paixões.” (Gl 5,24); -“Quanto a mim, que eu não me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio do qual o mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo”.  (Gl 6,14).

-“Quis reconciliá-los com Deus num só corpo, por meio da cruz; foi nela que Cristo matou o ódio”. (Ef 2,16).

-“Ele perdoou todas as nossas faltas, anulou o título de dívida que havia entre nós, deixando de lado as exigências legais, fez o título desaparecer pregando-o na cruz”. (Cl 2,14).

-“Uma coisa eu já disse muitas vezes e agora repito com lágrimas: há muitos que são inimigos da cruz de Cristo. O fim deles é a perdição.” (Fl 3, 18-19).


           6. SÃO PEDRO ENSINA

 “Sobre o madeiro levou os nossos pecados em seu próprio corpo, a fim de que nós, mortos para nossos pecados, vivêssemos para a justiça. Através dos ferimentos dele é que vocês foram curados”. (1Pd 2,24).

Pe. Valdiran Santos
São Paulo, outubro de 2012

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A CRUZ DE CRISTO: DA MALDIÇÃO À REDENÇÃO - Parte I


  (Por Padre Valdiran Santos)


A Igreja Católica, a Igreja Ortodoxa e as Igrejas Protestantes da Reforma veneram a Cruz de Cristo, como Sinal de Salvação. A cruz era o mais cruel e vergonhoso instrumento de morte usado pelo império romano. No entanto, a Cruz de Cristo foi o Altar onde Jesus se ofereceu como vítima ao Pai, pela salvação do mundo. A Cruz recebeu o Corpo de Jesus e foi purificada pelo Seu preciosíssimo Sangue derramado. A partir do sacrifício cruento de Jesus, a Cruz, tornou-se Sinal de vida, vitória e redenção e sinal do Cristianismo.

1. FIGURAS DA CRUZ NO PRIMEIRO TESTAMENTO
Segundo a narração do Livro dos Números, 21,4-9, a serpente de bronze  erguida numa aste, no deserto é sinal de salvação de Deus para o povo de Israel. Já era a prefiguração do próprio Cristo crucificado. (Cf. Jo 3,14). Conforme a Lei de Moisés, Dt 21, 22-23: “Se um homem sentenciado à pena de morte, for executado e suspenso numa árvore, seu cadáver não poderá permanecer na árvore durante à noite. Você deverá sepultá-lo  no mesmo dia, pois quem é suspenso torna-se um maldito de Deus. Desse modo você não tornará impuro o solo que Javé seu Deus lhe dará como herança.”(Gl 3,13). No Profeta Ezequiel a cruz aparece como sinal de salvação e de proteção: “Javé falou com ele: “Percorra a cidade de Jerusalém e marque com uma cruz a testa dos indivíduos que estiverem se lamentando e gemendo por causa das abominações que se fazem no meio dela”.  (Ez 9,4) e ainda: “Só não matem os indivíduos marcados com a cruz”. (Ez 9,6). Essa marca também aparece em Ap 14,1: “Traziam a fronte marcada com nome dele e do seu Pai.”

2. A CRUZ ERA APLICADA COMO SUPLÍCIO CRUEL PELO IMPÉRIO ROMANO
“Deus não nos podia ter demonstrado o Seu amor de forma mais eficaz que Se deixar pregar na cruz na pessoa de Seu Filho. A cruz era a forma de execução mais vergonhosa e severa da antiguidade; a título de exemplo, os cidadãos romanos, independentemente da gravidade da culpa, nunca deveriam ser crucificados. Portanto, Deus entrou no sofrimento mais abissal da humanidade, desde então, ninguém mais pode dizer: “Deus não sabe que sofro.” (You Cat: 101).

3. A CRUZ COMO SINAL DE SALVAÇÃO NO SEGUNDO TESTAMENTO
“IN HOC SIGNO VINCES” – “POR ESTE SINAL VENCERÁS”

OS ANÚNCIOS DE JESUS:
Aos Doze: Jesus tomou consigo os doze discípulos em particular e, durante a caminhada, disse para eles: “ Eis que estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do Homem vai ser entregue aos chefes dos sacerdotes e aos doutores da Lei. Eles o entregarão à morte e o entregarão aos pagãos para zombarem dele, flagelá-lo e crucificá-lo. E no terceiro dia ele ressuscitará.” (Mt 20, 17-19).
A Nicodemos: “Assim como Moisés levantou a serpente no deserto do mesmo modo é preciso que o Filho do Homem seja levantado”. (Jo 3,14).
À multidão: “Quando eu for levantado da terra, atrairei todos a mim”. (Jo 12,32).

Reação do povo:
“Todos gritaram: “Seja crucificado!” (Mt 27,22; Mc 15,13-14; Lc 23, 22-23; Jo 19,15).

Reação dos poderosos:
“Responderam os chefes dos sacerdotes: “Não temos outro rei além de César”. Então, finalmente Pilatos entregou Jesus a eles para que fosse crucificado”. (Jo 19, 15-16).

Reação de Pilatos:
“Então Pilatos soltou Barrabás, mandou flagelar Jesus, e o entregou para ser crucificado”  (Mt 27,26; Mc 15,15;  Lc 23, 24-25).

Atitude de Jesus:
“Jesus carregou a cruz ás costas e saiu para um lugar chamado gólgota”. (Jo 19,17); “Humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz!” (Fl 2,8).

Atitude de Simão:
“Enquanto levaram Jesus para ser crucificado, pegaram certo Simão, da cidade de Cirene, que voltava do campo, e o forçaram a carregar a cruz atrás de Jesus”. (Lc 23,26).

Crucificaram Jesus:
“Quando chegaram ao chamado “lugar da caveira”, aí crucificara Jesus e os criminosos, um à sua direita e outro á sua esquerda”. (Lc 23,33; Jo 19,17-18). “As pessoas que passavam por aí o insultavam balançando a cabeça e dizendo: “Ei! Você que ia destruir o Templo, e reconstrui-lo em três dias, salve-se a si mesmo! Desça da cruz!”  (Mc 15,29-30).

A Igreja ao pé da cruz:
“A mãe de Jesus, a irmã de mãe dele, Maria de Cleófas, e Maria Madalena estavam junto à cruz”. (Jo 19,25).

Jesus vence a morte na Cruz:
“Então o anjo disse às mulheres: “Não tenham medo. Eu sei que vocês estão procurando Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui. Ressuscitou como havia dito!” (Mt 28, 5-6; At 2,36; 4,10; 5,30-31; 2Cor 13,4; Fl 2,8-9; Hb 12,2).

(continua....)


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

UM ANO TODO DE FÉ!




                .......No dia 11 (onze) de outubro, o Papa Bento XVI fará a abertura do “Ano da Fé”, em Roma, para comemorar com toda a Igreja os cinquenta anos da abertura do XXI Concílio Ecumênico Vaticano II e, os vinte anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica. Dois acontecimentos importantes na metade do século XX, que continuam a repercutir no início do Novo Milênio e, cujos frutos ainda não foram plenamente ceifados.
            Há aqueles a quem a convocação de um Ano da Fé pelo Papa Bento XVI cause estranheza. Qual a razão de ser desta iniciativa? Que sentido tem celebrar a fé, numa comemoração tão sugestiva como a celebração da abertura do Concílio Vaticano II e da publicação do Catecismo da Igreja Católica?
            As razões que levaram o Papa a tomar esta iniciativa nós a encontramos na Carta Apostólica Porta Fidei, que o Bento XVI publicou há precisamente um ano, ou seja, aos onze de outubro de dois mil e onze.
            Já no início, o Papa diz que hoje há a “necessidade de redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo” (n.2).  Mais adiante ele afirma que “o Ano da Fé é convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo” (n.6).
            Falando da necessidade de confessar a fé no Senhor Ressuscitado, Bento XVI diz que é necessário “que cada um sinta fortemente a exigência de conhecer melhor e de transmitir às gerações futuras a fé de sempre” (n.8). Ele espera que “este Ano suscite, em cada crente, o anseio de confessar a fé plenamente e com renovada convicção, com confiança e esperança” (n.9).
            Assim, “descobrir novamente os conteúdos da fé professada, celebrada, vivida e rezada, e refletir sobre o próprio ato com que se crê, é um compromisso que cada crente deve assumir, sobretudo neste Ano” (n.9).
                Ao final, ele afirma que a fé “solícita em identificar os sinais dos tempos no hoje da história, a fé obriga cada um de nós a tornar-se sinal vivo da presença do Ressuscitado no mundo.” Pois, “aquilo de que o mundo tem hoje particular necessidade é o testemunho credível de quantos, iluminados na mente e no coração pela Palavra do Senhor, são capazes de abrir o coração e a mente de muitos outros ao desejo de Deus e da vida verdadeira, aquela que não tem fim” (n.15).
                As palavras do Papa Bento XVI na Carta Porta Fidei, levam a Igreja a manter-se coerente com os caminhos apontados pelo Concílio Vaticano II e compendiados no Catecismo da Igreja Católica, ou seja, a convencer-se sempre mais que só iluminada e sustentada pela fé no Senhor Ressuscitado é que ela, a Igreja, pode manter-se fiel ao Evangelho.
                Lendo a Carta Porta Fidei, somos levados a considerar a afirmação do Apóstolo São Paulo na sua Carta aos Romanos: “Mas como poderiam invocar aquele em quem não creram? E como poderiam crer naquele que não ouviram? E como poderiam ouvir sem pregador? E como podem pregar se não forem enviados? Conforme está escrito: Quão maravilhosos os pés dos que anunciam boas notícias” (Rm 10,14-15).
                Lançar-se hoje na tarefa evangelizadora sem avaliar a própria fé seria, de certo, temeridade. A ação evangelizadora, pastoral e missionária da Igreja só alcança o seu objetivo se for alimentada por uma vida de fé profunda, por uma fé que informa a vida.
                O Papa está justamente chamando a Igreja, em primeiro lugar, a um exame de consciência e a uma retomada de posição diante do mundo, sustentada pela fé. O próprio São Paulo escrevendo aos coríntios dizia: “tendo o mesmo espírito de fé a respeito do qual está escrito: Acreditei, por isso falei, cremos também nós, e por isto falamos” (2Cor 4,13). É a fé que gera a pregação! Se nos falta a fé, nos falta o entusiasmo e facilmente deixamo-nos envolver pelas malhas do cansaço e do desânimo.
                Torna-se urgente para a Igreja hoje, no dizer do Papa Bento XVI, redescobrir a fé; pois é a fé que gera e capacita as testemunhas de que o mundo hoje tem imensa necessidade!
                O Papa diz que não podemos dar a fé como pressuposto (n.2), como algo que já existe e deve ser apenas incrementado. Não! Hoje, o mundo vive uma crise de fé, que leva as pessoas não só a negar a fé, mas também despreza-la. É necessário redescobri-la e, isso é tarefa de cada um! É tarefa que implica decisão, escolha, e testemunho. Uma decisão e escolha que ninguém poderá tomar em nosso lugar e, testemunho que cabe a cada um assumir e realizar.
                A fé, ainda, implica conhecimento, ou seja, é um caminho que deve levar-nos a aprofundar sempre mais as verdades reveladas, contidas na Palavra de Deus, na Tradição da Igreja e explicitadas pelo Magistério. Ilude-se quem acredita que a fé resume-se a um sentimento pessoal de confiança e proteção. A fé vai além, ela exige conhecimento, aprofundamento, compreensão sempre maior e consequentemente testemunho de vida sempre mais coerente! (n.10)
                Bento XVI diz que a fé não pode ficar reduzida à esfera do privado, ao âmbito das decisões pessoais, mas deve, ao contrário, manifestar-se publicamente, nas decisões que interfiram nos relacionamentos pessoais e comunitários e nas decisões políticas, onde a vida e o bem comum estão em jogo.
                Acolher o convite do Papa Bento XVI, a “procurar a fé” (cf. 2Tm 2,22), nas comemorações dos cinquenta anos da abertura do Concílio Vaticano II e nos vinte anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica, creio que é uma atitude profundamente coerente com o momento que vivemos e, ao mesmo tempo, com a herança que recebemos seja do Concílio como do Magistério recente da Igreja.
                Se num primeiro momento pode causar estranheza, podemos dizer que ao final, abrir-se e aprofundar-se na fé torna-se uma experiência de profunda alegria e renovação, capaz de nos levar a ser mais autenticamente testemunhas de Jesus Cristo ressuscitado no mundo e no tempo que vivemos!

Dom Milton Kenan Júnior

domingo, 7 de outubro de 2012

CURSO TÉCNICO PARA ORIENTAÇÃO COMUNITÁRIA



Uma profissão diferente, pouco conhecida, todavia muito importante.
Entre suas atividades, destaca-se a identificação de demandas e potenciais de comunidades, o planejamento de ações sociais, e participação em campanhas educativas.
O curso técnico em Orientação Comunitária oferecido pela Etec trabalha no sentido de formar novos profissionais nesta área que se mostra mais presente a cada dia, no Brasil e no mundo. Com esta formação, jovens gestores sociais podem atuar em diferentes lugares, como instituições públicas, ONGs, escolas, conselhos tutelares, entre outros.
A duração do programa é de 3 semestres, com aulas todos os dias. Entre as disciplinas estudadas estão História e diversidade de movimentos sociais, Elaboração de Projetos, Comunicação social comunitária, Grupos Articuladores e Coletivos, entre outros.
As inscrições ficam abertas de 28 de setembro a 25 de outubro por aqui.
(Fonte: catracalivre.folha.uol.com.br)


Ótimo curso para as comunidades, educadores/as, gestores/as sociais, líderes de movimentos sociais e pastorais, conselheiros/as de direitos e tutelares, agentes pastorais, etc...

Saiba mais:


Assista ao vídeo e compartilhe nas suas Redes Sociais informações da Revista do Centro Paula Souza de um dos novos cursos que serão ofertados nas ETECs a partir de 2013: TÉCNICO EM ORIENTAÇÃO COMUNITÁRIA.

Vídeo: www.facebook.com/EtecCepam/posts/283910128384911

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

CAMPANHA “VOTO CONSCIENTE – ELEIÇÕES 2012”


Saudação do Secretário Geral da CNBB

Os brasileiros e brasileiras são chamados a protagonizar, nas eleições do próximo dia 7 de outubro, um dos momentos mais importantes para a democracia do país com a escolha dos prefeitos e vereadores de seus municípios. Com a novidade da Lei da Ficha Limpa, vitória da mobilização popular, as próximas eleições despertam a grande expectativa de que as urnas, ao receberem o voto consciente e livre do eleitor, excluam candidatos cuja vida e prática não os credenciam aos cargos pleiteados.

O alerta aos eleitores sobre a importância de se votar em candidatos “Ficha Limpa” é um dever de todos, especialmente das entidades e organizações que têm responsabilidade com a construção de uma sociedade justa, solidária e fraterna. Neste sentido, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil cumprimenta o Tribunal Superior Eleitoral pela campanha “Voto Limpo”, já amplamente divulgada pelos meios de comunicação do país.

Somando-se a esta campanha, a convite do próprio TSE, a CNBB também lança, neste ato solene, a campanha “Voto Consciente – Eleições 2012”. Com esta iniciativa, a CNBB faz valer a tradição de sempre dar sua contribuição nas campanhas eleitorais com orientações aos seus fieis e a todos os cidadãos, firmadas na ética e na cidadania à luz do Evangelho.
 
Esta participação da Igreja na vida política do país tem sua razão mais profunda na consciência evangélica de sua missão (cf. Doc. 40, n. 203). O papa Bento XVI lembra que “a Igreja não pode nem deve tomar nas suas próprias mãos a batalha política para realizar a sociedade mais justa possível. Não pode nem deve colocar-se no lugar do Estado. Mas também não pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça” (Deus caritas est, 28).

Assistimos, infelizmente, a um forte desencanto da população em relação à política. Contribuem para isso, mais que as inúmeras denúncias de corrupção e desvio de conduta, a impunidade e a complacência com os culpados. É oportuno, portanto, recordar que “a recuperação da política passa pela moralização dos políticos como verdadeiros ‘homens de Estado’ e não ‘negociantes do poder’, enredados em jogadas pessoais. Isso exige romper os laços entre política e negócios privados”, como já afirmara a CNBB em seu documento Ética: Pessoa e Sociedade (p. 31). Estamos convencidos de que um dos caminhos para se alcançar este propósito é uma reforma política ampla e consistente que estanque os caminhos da corrupção e amplie os canais de participação popular nas decisões do Estado.

A campanha que lançamos neste momento quer contribuir exatamente para a recuperação da política como a construção do bem comum, recolocando-a no patamar do qual jamais deveria ter saído. Evidentemente a Lei da Ficha Limpa sozinha não é suficiente para alcançar esta meta. A ela devem se somar outras leis e iniciativas que façam desta meta uma obstinação de todos que prezam pela ética e pela justiça no trato das coisas públicas.

A Lei 9.840, que combate a compra de votos e o uso da máquina administrativa, fruto também de iniciativa popular, merece toda nossa atenção. Há mais de dez anos em vigor, ela é responsável pelo afastamento de inúmeros políticos cujos comportamentos feriram a ética. A recente Lei de Acesso à Informação se revelou um eficaz instrumento também para a transparência no financiamento das campanhas eleitorais. Inspirado nela, o TSE tomou a inédita decisão de exigir dos candidatos a prestação de contas dos recursos de campanha ainda durante o processo eleitoral, como já haviam feito alguns juízes eleitorais em determinados estados do país.

São iniciativas cidadãs dessa natureza que ajudarão a tornar as eleições limpas e a recuperar a política que, do ponto de vista da ética, significa “o conjunto de ações pelas quais os homens buscam uma forma de convivência entre os indivíduos, grupos, nações que ofereça condições para a realização do bem comum” (cf. Doc. 40, n. 184).

Ao lançar a campanha “Voto Consciente – Eleições 2012” às vésperas do Dia da Pátria e do Grito dos Excluídos, que, neste ano clama por um “Estado a serviço da Nação e que garanta direitos a toda população!”, a CNBB espera contribuir para o fortalecimento da cidadania e da democracia no Brasil.

A campanha da CNBB tem a parceria do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da Arquidiocese de Belo Horizonte, responsável pelos vídeos que faremos veicular, especialmente nas TVs de inspiração católica. Com temas variados, os vídeos, intitulados “Voto na cidade”, ajudam o eleitor a tomar consciência da importância de sua participação na vida política de seu município. Agradecemos ao NESP pela pronta adesão à nossa Campanha.

Além dos vídeos, foram produzidos spots para rádios, que deverão ser veiculados nas rádios de inspiração católica, e um texto com indicações de cinco modos de agir para que o voto consciente ajude a construir cidadania.

Solicitaremos às dioceses e paróquias a ampla divulgação de todo este material que já está disponível no site da CNBB e que, evidentemente, não se restringe ao uso das instituições católicas.

Excelentíssima Presidente Carmem Lúcia, agradeço ao TSE o honroso convite feito à CNBB para se somar à sua campanha “Voto Limpo”. Cumprimento e felicito as demais instituições e entidades que, recebendo o mesmo convite, fazem eco a esta iniciativa.

Rogo a Deus abençoar-nos a todos a fim de que, com este nosso trabalho, tornemos presente entre nós o Reino de Deus, que é justiça e fraternidade. Sobre todos e todas imploro a bênção de Deus e a proteção de Nossa Senhora Aparecida, mãe de todos os brasileiros e brasileiras.

Muito obrigado.

Brasília, 6 de setembro de 2012

Dom Leonardo Ulrich Steiner
Secretário Geral da CNBB