terça-feira, 28 de maio de 2013

EUCARISTIA: NÓS CREMOS!!


Celebramos a solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo no Ano da Fé. E isso nos leva a refletir sobre nossa fé no “Augusto Mistério” da Eucaristia e a renovar nossa fé nesse dom precioso deixado por Jesus à sua Igreja.
A Eucaristia é o Sacramento do sacrifício de Jesus Cristo, que se entregou à morte de cruz, como “preço pelo nosso pecado”. Ele é o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. Toda vez que oferecemos a Deus o Sacrifício da Missa, fazermos isso “em memória” de Jesus Cristo, “cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, daquela única e suprema doação de sua vida a Deus e em favor de toda a humanidade. Na participação, com fé, da celebração da Eucaristia, recebemos também nós os frutos do perdão e da reconciliação com Deus e da vida nova em Cristo.
É o Sacramento da comunhão com Deus e entre nós por meio de Jesus Cristo. Quando participamos da Eucaristia e recebemos a comunhão, Jesus Cristo nos une mais a si e a Deus Pai e nos concede o dom de sua vida e de sua amizade. Ao mesmo tempo, a Eucaristia nos une como irmãos e estreita os laços vitais entre todos os que recebem esse mesmo sacramento e vivem a mesma fé, na Igreja.
É o “pão da vida”, Sacramento do alimento, que nos nutre desde agora para a vida eterna; esse alimento é o próprio Jesus, mais necessário para nós que o próprio pão de cada dia: “quem comer deste pão, tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia”.
A Eucaristia é, por excelência, o Sacramento de Jesus Cristo, que continua presente com Igreja e a humanidade “até os fins dos tempos”. Ele não nos deixou sozinhos, mas continua no meio de nós! “Deus habita esta Cidade!” A Eucaristia é o Sacramento dessa Sua presença e do significado salvador dessa presença entre nós.
A Eucaristia é também o Sacramento da Igreja, entendida como a união dos discípulos com Jesus, que está com eles e à frente deles, como Mestre, Pastor e Sacerdote. A celebração da Eucaristia torna “visível” o mistério a Igreja e de sua missão no mundo.
Eis, o “mistério da fé”! Na Eucaristia anunciamos a morte de Jesus, proclamamos sua gloriosa ressurreição e crescemos na esperança de participar da plenitude da salvação. Na celebração da Eucaristia, somos a humanidade que crê e espera ansiosa o Dia da Salvação, enquanto suplica: “Maranatá! Vem, Senhor Jesus, vem!” (cf Ap  22,20).


Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo
Corpus Christi de 2013





segunda-feira, 27 de maio de 2013

ORIENTAÇÕES PARA FRATERNIDADE MISSIONÁRIA EMAÚS - PARTE V

(...CONTINUAÇÃO)

2.15. Seria bom que colaborássemos com um pouco de recurso para a formação de um pequeno caixa comunitário, isso segundo, a consciência e possibilidade de cada um.
Uma das características principais do cristianismo é a partilha. Toda atividade de Jesus foi uma escola da partilha, e essa partilha chegou ao ponto mais alto com a entrega livre e total de Sua própria Vida, para que todos tenham vida!
Os primeiros Cristãos compreenderam plenamente esse ensinamento de tal forma que, ao longo da História, a Igreja não se cansa de praticar a caridade.
O Livro dos Atos dos Apóstolos nos relata a experiência e a prática da solidariedade fraterna na Igreja Primitiva. 
(At 2,42-47; 4,32-37) e o Apóstolo Paulo nos conta com muito entusiasmo a atitude dos cristãos da Macedônia em ajudar com uma coleta a Igreja de Jerusalém (2Cor 8, 9; Rm 15,16).
A contribuição financeira que se pede aos membros da FME tem esse caráter evangélico e eclesial da partilha, e quer lembrar que não devemos nos apegar aos bens materiais que são efêmeros, passam e não têm nenhum valor diante do bem maior da nossa vida que é Cristo, nossa única riqueza: “Por causa de Cristo, porém tudo o que eu considerava como lucro, agora considero como perda. E
mais ainda: considero tudo uma perda, diante do bem superior que é o conhecimento do meu Senhor Jesus Cristo.
Por causa dele perdi tudo, e considero tudo como lixo a fim de ganhar Cristo. (Fl 3,7-8; 1Cor 4,9-13). O apego ás coisas da terra mata em nós as coisas do céu, nos torna avarentos e nos afasta da amizade de Deus. É nesse contexto que se insere a pobreza evangélica por causa do Reino de Deus, é Jesus Quem pede: “Não ajunteis para vós tesouro na terra, onde a ferrugem e as traças corroem, onde os ladrões furam e roubam. Ajuntai para vós tesouro no céu ...” (Mt 6,19-21) e ainda: “Se você quer ser perfeito, vá, venda tudo, o que tem, dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois, venha, e siga-me!” (Mt 19,21)

2.16. Todo nosso trabalho, nossas forças e energias, nosso empenho e nossa vida devem ser gastos para as missões. Não podemos cansar, desanimar e se omitir de anunciar Jesus Cristo, Deus e Salvador da humanidade em comunhão plena com a Santa Igreja Católica.
Em nossos dias é natural que jovens morram por causa das drogas, criminalidade, futebol, pornografia etc. Digo natural aos olhos da sociedade que, mesmo sem aceitar a barbárie, encara esses fatos com certa normalidade.
Para essa mesma sociedade o que é anormal é um jovem se dedicar á vida religiosa, sacerdotal e consagrada. Dizem que é um desperdício. Fica difícil de entender porque há tanta benevolência com aqueles que estão trilhando caminhos tortuosos que só conduzem á morte, e há tanta crítica e
preconceito contra aqueles que querem fazer outra opção de vida. Ora, o direito que um jovem tem de dar a sua vida por um time de futebol, pela droga, pelo crime etc. É o mesmo direito que outro tem de oferecer a vida a Igreja, por Cristo, pelo povo. Não podemos aceitar essa inversão de valores.
Cada um emprega as suas energias e seus recursos onde melhor lhe convêm. Nós preferimos gastar nossa vida, nossos recursos e nossas energias no anúncio do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo e no serviço aos pobres, nossos patrões! Com certeza é melhor do que entregar a vida aos vícios, ás más companhias e a tantas outras coisas ilusórias que só conduzem á perdição. Cristo é a plenitude da vida e todo aquele que o segue, terá a vida eternamente. 

2.17. Nosso Seguimento de Jesus - O Evangelho é a Nossa Regra de vida individual e comunitária.
- Os pobres são os nossos primeiros irmãos, e a pobreza evangélica é a nossa opção.
- A Santíssima Trindade é o nosso Espelho de Comunhão Fraterna.
- Maria, Mãe de Jesus é a nossa Mãe. São José; é nosso Patrono e Provedor.
- A Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana, é a nossa Mãe e Mestra.
- Ir ao Encontro dos pobres, dos jovens e dos migrantes é a nossa Missão.
- A experiência dos discípulos no Caminho de Emaús é a nossa Espiritualidade com Jesus ressuscitado e com o povo.

Esses tópicos são uma síntese das nossas Orientações e do nosso Carisma. Essa síntese que nos coloca em órbita em torno de Cristo, nosso Sol. Quem está em órbita nunca para, e o sol nunca deixa na total escuridão. Busquemos a Cristo de coração puro e sincero, para nele encontrarmos a
doce alegria de viver e doar a vida para que o mundo creia que Jesus é o Senhor.
O Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, é a fonte inesgotável de onde bebemos a água cristalina da Salvação. Os pobres são os eleitos, amados e preferidos de Cristo, como pérolas que coroam sua missão (Mt 11, 25-30; Mt 25, 31-46; Lc 10, 21-37; Lc 16, 19-31). Os pobres também são os nossos amados preferidos e eleitos? Neles está o Cristo!
A Santíssima Trindade é um mistério de Deus Uno e Trino, um só Deus em três pessoas. O Pai criador de todas as coisas; o Filho encarnou-se em nossa História, assumiu nossa humanidade e, na cruz venceu o poder do pecado e da morte, ressuscitando dos mortos para a nossa eterna Salvação; o Espírito Santo é o Advogado, enviado por Jesus para confirmar e santificar a Igreja – Povo de Deus. O que mais impressiona na Trindade é a unidade perfeita. O amor incondicional, a harmonia admirável de um Deus que não é egoísta, isolado, mas comunhão de amor. Por isso, a Santíssima Trindade é o nosso espelho de comunidade de Koinonia e de Diaconia, para a glória de Deus e o bem do Povo de Deus.
Maria, a Mãe Santíssima de Jesus, com o seu castíssimo esposo São José, zelam por nós cheios de bondade e amor, nos protegendo e nos recomendando constantemente ao Pai.
A Santa Igreja Católica é a nossa Mãe, Mestra e guia no seguimento de Jesus; temos que escutar sempre o que o Espírito nos diz através da Igreja. Quem caminha com a Igreja não erra.
Nosso Carisma tem múltiplas facetas: Somos Missionários e temos bem claro em nossa vida a
consequência da Missão: com os pobres, com os Jovens e com os Migrantes. Nosso Carisma se fundamenta no caminho de Emaús. É aí que está a nossa espiritualidade, o nosso projeto de vida, o mistério mais profundo da nossa fé, vida e Missão. Cristo está vivo em nosso meio e nos envia em missão! Amém.

As Orientações foram escritas em Wenceslau Braz – PR no retiro em 24 de junho de 2002 - Festa de São João Batista e as reflexões, no retiro em Extrema-MG, 17-19 de abril de 2006 - Pe. Valdiran Santos


terça-feira, 21 de maio de 2013

ORIENTAÇÕES PARA FRATERNIDADE MISSIONÁRIA EMAÚS - PARTE IV


(...CONTINUAÇÃO)


2.11. As casas onde moramos ou trabalhamos, em qualquer lugar onde quer que estejamos, devem ser casas acolhedoras, simples, alegres e fraternas. A princípio, cada membro da fraternidade residirá com a própria família. Podemos pensar na possibilidade de
morarmos em comunidade no futuro.
Nosso sonho é ter uma casa feminina e uma masculina para formar Comunidade de Vida. A experiência de vida comunitária é própria do cristianismo e tem sua origem na Comunidade Apostólica, iniciada pelo próprio Jesus. É uma riqueza singular! Temos a consciência que a vida comunitária é um desafio, e requer um espírito de coragem e de desprendimento de cada um que se lança nessa aventura de amor cristão. Deve ser levada diariamente a uma prática concreta da comunhão fraterna (Koinonia-Ágape), a utopia
do Reino de Deus na terra: a unidade na diversidade – caminho de santidade, de ascese e Kenosis e de felicidade.
Como não temos ainda a condição de adquirir imóveis para esse fim pensamos em iniciar uma experiência na casa paroquial. Isso é possível e não tem nada de extraordinário, pois milhões de pessoas no mundo fazem a experiência de vida comunitária. Encontro permanente com o Senhor, escola de discipulado com os irmãos.
O importante para nós na vida comunitária é transformar cada casa e cada comunidade em um centro missionário. Lugar irradiador de Evangelização e através da acolhida, simplicidade, alegria e fraternidade, levar as pessoas a sentir a presença do Ressuscitado. Esse é o objetivo principal e fundamental. Isso exige de nós uma disposição de colaborar com todas as forças para que esse objetivo seja alcançado; para isso, é necessário ter discernimento.
Confiamos na Providência Divina e na intercessão poderosa de Maria e de nosso querido São José, que nos hão de providenciar tudo que necessitamos no tempo oportuno.

2.12. A Oração, a Eucaristia e a Leitura Orante da Bíblia não podem faltar aos membros da Fraternidade, é nosso alimento para a missão.
Um carro sem combustível não funciona, isso é lógico.
Uma vida missionária sem contemplação não obtém os frutos desejados e se torna cansativa e desanimadora.
A oração, a Eucaristia e a meditação da Palavra de Deus, são o “combustível” e o alimento que nos fortalecem na caminhada missionária, o farol que ilumina e a seta que indica o caminho certo. É a alavanca que renova as forças e dá vigor, é a âncora que dá segurança. Portanto, a contemplação e a adoração a Jesus Sacramentado, devem ocupar um lugar e um tempo privilegiados em nossa vida pessoal e comunitária.
Não devemos esquecer o Amado da nossa vida, mas esforçarmos para estarmos sempre em sintonia e em comunhão com Ele, vivendo Nele e por Ele. É aqui que encontramos a doce alegria de unir a ação com a oração, a missão com a contemplação, as realidades da vida com a espiritualidade. Tudo isso nos faz enxergar bem mais longe e alcançar os mistérios do Reino, revelado aos pequenos e escondido aos inteligentes. (Mt 11,25).
Assim como nosso corpo precisa do alimento material para sobreviver, nosso espírito precisa do alimento espiritual para estar em permanente comunhão com Deus. Daí a importância da ascese em nossa vida como via de perfeição e de santidade. Não há glória sem calvário, não há ressurreição sem cruz, não há espiritualidade genuinamente evangélica sem sacrifício.

2.13. O estudo, a formação permanente e a informação devem nos acompanhar em cada momento da nossa vida, ler muito, estudar e escrever são ferramentas indispensáveis para o nosso crescimento
individual e comunitário.
O Espírito Santo nos ilumina, dirige e inspira tudo que devemos fazer para a obra da Evangelização. Ele é o doador de todos os dons e carismas, dons que têm a finalidade de construir o Corpo de Cristo que é a Igreja.
O Apóstolo Paulo nos explica maravilhosamente os dons e os carismas que nos são dados pelo Espírito para pormos a serviço da comunidade. (ICor 12-14).
O Espírito Santo é o Senhor da ciência, do conhecimento e entendimento. O mundo em que vivemos é um mundo das grandes descobertas tecnológicas.
Portanto, é um mundo bastante exigente que nos cobra constantemente a atualização em relação a tudo e, nos desafia na fé, nos envolve em polêmicas a fim de nos provar. Por isso mesmo, temos a necessidade de uma formação permanente e apurada para dar respostas convincentes no que diz respeito á pregação do Evangelho.
Por isso, é muito importante a formação acadêmica, o esforço em estudar, ler, pesquisar, se informar e estar por dentro da realidade mundial, nacional em relação às religiões, política, descobertas científicas, economia, e tudo que envolve o ser humano para que não sejamos pegos de surpresa. Devemos ser homens e mulheres atualizados em relação a tudo que nos rodeia, não apenas para conhecer, mas para iluminar a realidade humana com o Evangelho e com a fé no Ressuscitado, levando a todos a mensagem de vida e de esperança.
É importante que os irmãos e irmãs da FME, nunca parem de estudar, mas aproveitem todas as oportunidades de cursos, faculdades e formação, também a nível eclesial para aprofundarem os seus conhecimentos, para colocá-los a serviço dos pobres e excluídos da nossa sociedade.
Quem não aceita a formação, não tem a humildade de discípulo, Jesus continua dizendo para nós: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga”. (Lc 9,23).

2.14. Cada membro da Fraternidade Missionária Emaús deve trabalhar para sua própria manutenção. O trabalho também é uma maneira de nos sentirmos mais próximos do povo e solidários com ele, além de estarmos de pleno acordo com o conselho do Apóstolo
Paulo: (1Ts 4,11-12; 2Ts 3,6-15).
O ideal seria que o nosso trabalho fosse único e exclusivo para a construção do Reino de Deus. Que bom seria se tivéssemos vinte e quatro horas a serviço do Senhor e da sua Igreja!
Mas, vivemos no mundo e entre pessoas que labutam para a sua sobrevivência. Na qualidade de leigos, somos também chamados para dar testemunho de Cristo através da dignidade do trabalho que é um grande dom de Deus para o bem da humanidade desde a criação.
O trabalho por mais simples que seja dignifica o ser humano. Isso é tão evidente na tradição bíblica e eclesial, que Jesus chegou a afirmar: “O meu Pai sempre trabalha e eu também trabalho” (Jo 5,17). O Apóstolo Paulo nos aconselha a seguir o seu exemplo na questão do trabalho, falou da experiência pessoal de missionário e trabalhador para a sua própria manutenção (1Cor 4,12). Isso nos enriquece na experiência de vida, na autoestima e na identificação com o povo.
É algo que deve marcar nosso modus vivendi. Devemos ter cuidado para não criar necessidades desnecessárias. É preciso ter o mínimo possível para viver, lembrando sempre do nosso Mestre Jesus: “As raposas tem suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”. (Mt 8,20).
O trabalho nos faz solidários com o povo e também é um caminho para a santidade. No mundo do trabalho também somos chamados a viver o Evangelho e dar testemunho do amor de Deus em Cristo ressuscitado.

(...continua)
Por Pe. Valdiran dos Santos

domingo, 12 de maio de 2013

ORIENTAÇÕES PARA A FRATERNIDADE MISSIONÁRIA EMAÚS - PARTE 3

(....continuação)

2.6. A Fraternidade Missionária Emaús, tem o caráter e a configuração de Associação de Leigos, conforme o Código de Direito Canônico: Cân. 225 - §1.
Os leigos, enquanto destinados por Deus, como todos os fiéis para o apostolado por meio do batismo e da confirmação, têm obrigação geral e gozam do direito de trabalhar, quer individualmente quer reunidos em associações, afim de que o divino anúncio da salvação
seja conhecido e aceito por todos os homens em todo mundo; essa obrigação é mais premente nas circunstancias em que os homens, a não ser por meio deles não podem ouvir o Evangelho e conhecer a
Cristo. §2. Têm também o dever especial, cada um segundo a própria condição, de animar e aperfeiçoar com o espírito evangélico a ordem das realidades temporais, e assim dar testemunho de Cristo, especialmente na gestão dessas realidades e no exercício das atividades seculares.
A Lei da Igreja se fundamenta na Palavra de Deus, e a Lei existe para regulamentar a vida da Igreja a fim de que ninguém se desvie do que é correto, ético e sadio para não enveredar pelo caminho do mal que vai contra os valores evangélicos e princípios cristãos.
A Lei corrige nossos erros para que não nos desviemos do reto caminho, da verdade, da justiça e da obediência á vontade de Deus.
Na Igreja não devemos agir pura e simplesmente pela Lei, mas devemos agir sobre tudo pela misericórdia evangélica que brota do Coração do Senhor. 
É dentro desse conjunto de leis eclesiásticas – Código do Direito Canônico – que a Igreja reconhece a dignidade dos leigos e lhes oferece todas as condições necessárias para que possam desempenhar sua missão de batizados na Igreja e no Mundo.
2.7. Dessa forma, qualquer leigo/a consciente do seu compromisso batismal e de sua pertença a Santa Igreja, pode e deve participar da Fraternidade Missionária Emaús, desde que tenha 18 anos completos.
Jesus fez um convite universal para todos os povos se tornarem seus discípulos (Mt 28,19) e criticou os fariseus por não entrarem no Reino e não deixarem os outros entrar (Mt 23).
Mas, ser discípulo de Jesus implica em assumir uma responsabilidade muito grande. Convidar alguém ou acolher alguém para nossa Fraternidade Missionária Emaús, requer de nós também uma grande responsabilidade, pois se trata de algo muito sério que envolve pessoas, sentimentos, vidas etc. Aqui devemos ter discernimento e bom senso.
Não queremos ser um grupo sectário, já tem muitas seitas e não queremos ser mais uma. Por outro lado, não podemos banalizar nossa vocação nem nosso carisma. Os leigos que querem levar a sério a vida consagrada e a missão que por si só são muito exigentes, devem ter convicção do que vão assumir. Se um grupo eclesial ou um movimento não tem critérios e entra qualquer pessoa, sem responsabilidade e sem consciência do que estar fazendo, só causa problemas e divisão. Isso é inaceitável. Por isso,
as exigências acima.

2.8. Quem ingressar na Fraternidade, depois de no mínimo um ano de participação, formação, acompanhamento, pode pedir a Consagração que implica no compromisso de viver conforme o exposto acima, ou seja, dedicar sua vida a Deus e a Santa Igreja a serviço do Povo de Deus, especialmente dos mais pobres e abandonados.
Consagração no sentido que entendemos, é algo muito sério “É um projeto de vida”. Além do Batismo; na Igreja há muitos modelos de consagração, desde o mais simples até o mais comprometedor, como a que fazem os religiosos (as).
A consagração de um (a) leiga (o) é um estilo de vida assumido para o bem da Igreja e para o serviço á humanidade. A consagração de leigos é uma bênção para a Igreja e para o mundo, não podemos duvidar dessa riqueza, nem banalizar algo tão profundo e tão importante para a vida da pessoa e para a vida da Igreja.
Por isso temos a possibilidade de renovar por quatro anos ou mais, se necessário, para que a pessoa tenha convicção do que vai fazer e plena consciência, pois o mais importante é que a pessoa seja feliz no estado de vida que escolher.
A Consagração é um caminho de felicidade e de realização e não um peso na vida da pessoa. Nós não temos a pretensão de fazer votos, como fazem os religiosos, mas uma vez que se faz a consagração, é natural que em vista dessa consagração se viva os Conselhos Evangélicos de castidade, pobreza e obediência. (Os casados vivem a castidade conjugal). Isso vai nos enriquecer e contribuir para a nossa santificação e, é essa a vontade de Deus. A
consagração só tem sentido quando a vida é doada para Deus e para o povo, principalmente para os excluídos.

2.9. Leigos casados também podem e devem viver a espiritualidade, se quiser pode fazer a Consagração da Família para a santificação do matrimônio e a evangelização da família.
A Família é uma instituição divina, é o lugar privilegiado para a vivência do amor humano, o “santuário da vida”, lugar sagrado da harmonia e da partilha. 
O fato de, na Igreja ter homens e mulheres celibatários, não significa que somos contra o amor, a constituição da família e da afetividade. Pelo contrário, tudo isso é profundamente humano e profundamente divino. Aqui se trata de vocação e da escolha de vida livremente por parte da pessoa, como uma opção de viver a gratuidade do amor.
Tanto o sacramento do matrimônio, quanto o celibato é uma bênção e um dom de Deus para as pessoas e para a Igreja. Cabe a cada um fazer a escolha daquilo que mais lhe realiza, completa e faz feliz. Nesse caso, entre nós não há uma escolha mais importante do que outra, o que há, é o chamado e a vocação comum á santidade.
Portanto, quem opta pelo matrimônio deve viver a santidade conjugal, dando testemunho do amor de Deus, e sendo um exemplo para as famílias. Quem opta pela vida celibatária, deve viver a santidade no celibato e ser um exemplo para todos. Mas é bom que tenhamos a consciência de que tanto uma escolha quanto a outra, exige muitas renúncias, tem muitas dificuldades e sacrifícios, são um tremendo desafio para o resto da vida. É saudável que tenhamos na Fraternidade Missionária Emaús as duas opções de vida, pois é uma riqueza para a nossa convivência, partilha e missão.

2.10. A Consagração se faz pela primeira vez, se renova mais duas vezes e no 4º ano se faz por toda a vida. Com a possibilidade de se renovar mais vezes, dependendo de cada pessoa e de cada situação.
Levando-se em conta o comentário da Orientação 2.8, sobre a consagração, aqui não há o que acrescentar. Mas é bom e salutar que tenhamos o cuidado e a firmeza de manter esse propósito de não atropelar o processo normal da experiência de cada um, e manter o que aqui está determinado sobre o tempo de formação e acompanhamento. E a possibilidade de se renovar a consagração as vezes que forem necessárias.

(continua..)

Por; Pe. Valdiran dos Santos

segunda-feira, 6 de maio de 2013

ORIENTAÇÕES PARA A FRATERNIDADE MISSIONÁRIA EMAÚS - Parte 2

.... continuação


2. ORIENTAÇÕES PARA A FRATERNIDADE MISSIONÁRIA EMAÚS– FME

2.1. A Fraternidade Missionária Emaús é uma associação formada por leigos (as) consagrados a Deus, pelas mãos de Maria para a missão evangelizadora na Igreja, tendo como ponto de referência a Pessoa de Jesus vivo e a sua práxis pastoral. Tem como princípio, evangelizar de modo especial os mais pobres, sofridos e abandonados da sociedade, levando em conta a missão de Jesus em Lc 4,16-20 e a sua predileção pelos sofredores Mt 25,35-45, dedicando especial atenção aos jovens, conforme a opção da Igreja Latino-Americana em Puebla em 1979.
Todos nós já fomos consagrados a Deus pelo Batismo e pela graça do Espírito Santo derramada em nossos corações, que é a fonte da nossa adesão a Cristo. Em qualquer estado de vida que possamos escolher. Quando se fala de leigo consagrado, fala-se de um estado de vida mais radical no seguimento de Jesus e na vivência do Batismo como uma implicação desse seguimento, ou seja, entregar-se a Cristo, sem medidas, como a única via que encerra todo bem e todas as realizações.
Maria de Nazaré é o modelo mais perfeito dessa consagração laical e desse seguimento. Mesmo sem entender o que Deus queria dela, se envolveu no mistério da Trindade e aceitou viver essa doação como uma resposta de amor.
Quando se faz uma opção radical por Jesus, deve-se também fazer a mesma opção pelos pobres e abandonados com os quais Jesus se identifica e pelos quais, Ele mesmo fez a sua opção preferencial. É da experiência de sofrimento dos pobres que extraímos a riqueza espiritual para vivermos mais intensamente o Evangelho e nos configurarmos ao Cristo Servo Sofredor.
A rigor, os pobres são os nossos patrões e nós missionários, somos os seus servos, pois no final de tudo, eles serão os nossos juízes (Lc 16,23-24). Daí todo o nosso cuidado, respeito e amor aos pobres de Cristo, dando-lhes toda a atenção e partilhando das suas alegrias e dos seus sofrimentos.
A consagração é um dom do Espírito Santo, quem se consagra também está em sintonia com “o que o Espírito diz à Igreja.” (Ap 3,22).
Nossa atenção se dirige em primeiro lugar aos pobres, aos jovens e aos migrantes, porque são os mais expostos a todo tipo de sofrimentos, as injustiças sofridas clamam aos céus.

2.2. A Fraternidade Missionária Emaús tem sua inspiração e sua espiritualidade no Evangelho de Lucas 24, 13-35, que conta-nos a belíssima experiência dos Discípulos de Emaús com Jesus ressuscitado.
O Evangelho de Lucas 24,13-35 é de uma profundidade e de uma riqueza sem igual, nesse texto evangélico encontramos tudo que é necessário para a consagração, vida comunitária e missão.
Quantas vezes nós nos sentimos desanimados e impotentes diante dos graves problemas sociais e humanos que somos obrigados a enfrentar todos os dias no meio dos pobres?! Mas, também quantas vezes nós nos sentimos reanimados e recuperados pela presença de Jesus vivo na Eucaristia, na Palavra de Deus e com a sua presença misteriosa no meio dos pobres, apesar de suas fraquezas!
Faz muito bem a nossa Fraternidade Missionária ter sua inspiração nesse texto de Emaús, porque Emaús continua acontecendo todos os dias na vida da Igreja, em nossas vidas e na vida do mundo.
Cristo continua nos ensinando: Ele é o nosso Mestre, caminha conosco. Ele está no meio de nós! Preside a Eucaristia, reparte o pão para nós. Revela-nos as Escrituras, abre-nos os olhos para a realidade da vida e envia-nos em missão. Ele é o Missionário por excelência que vai à nossa frente. Nossa missão é viver com Ele e anunciá-lo aos outros.

2.3. A partir do texto do Evangelho de Lucas 24,13-35 os irmãos e irmãs da Fraternidade se propõem livremente a viver a “espiritualidade do caminho” com Jesus vivo, na prática da acolhida, escuta, leitura orante da Bíblia, solidariedade com os sofredores e anúncio de Jesus, em torno da Santíssima Eucaristia, fonte de vida e de esperança para todos.
O Caminho é Cristo. O caminho está aberto e é Nele que devemos trilhar para aprender com o Mestre e viver a liberdade de amar. Amor que se manifesta concretamente na acolhida a todos, especialmente àqueles que não se sentem amados e por isso, se sentem infelizes, à margem esperando alguém que lhe mostre uma nova proposta de vida.
O caminho é o lugar apropriado da nossa ação, pois são muitos que estão á margem do caminho e, na caminhada devemos trazê-los para o centro, para que aprendam a caminhar conosco ao encontro do Senhor. O caminho também é o lugar privilegiado da contemplação, pois é no encontro, na acolhida, na oração, na Eucaristia, na Palavra de Deus e na face sofrida dos pobres e sofredores que contemplamos Jesus Cristo Crucificado e ressuscitado e com Ele construímos uma nova história.
No caminho encontramos; pedras, buracos, sede, fome, cansaço, dificuldades. Mas é também no caminho que encontramos pessoas acolhedoras, sombra, abrigo, poço, comida, água e solidariedade. No caminho encontramos de tudo, falamos de tudo, mas o anúncio fundamental que devemos fazer é que Cristo é o “Caminho, a Verdade e a Vida.” (Jo 14, 6).

2.4. A Fraternidade Missionária Emaús só pode existir e executar sua missão evangelizadora em plena
comunhão com a Santa Igreja Católica, Apostólica Romana, com a permissão sumamente necessária do Bispo e também do Pároco. Caminhar com a Igreja e nunca paralelo com a Igreja.
A Igreja é a obra mais perfeita do nosso Criador. É a primeira maravilha do mundo! Bela, cheia de esplendor que só podia ser a Esposa do Cordeiro e Seu Corpo místico na terra. A Igreja brotou do Coração de Cristo crucificado, foi confirmada pelo Espírito Santo no dia de Pentecostes e
foi regada, qual árvore esplêndida pelo sangue dos mártires.
Na Igreja vive Cristo Ressuscitado, o Espírito Santo a conduz pela história, o Pai a sustenta com o Seu amor e a Sua misericórdia. A Igreja é completa, perfeita, Una, Santa, Católica e Apostólica. Não há nada que a possa substituir.
Não há privilégio maior para uma pessoa do que ser católica! Pois é na Igreja, que nascemos para uma vida nova pela graça do Batismo. A Igreja é nossa Mãe. Nela nos nutrimos da Palavra de Deus e dos sacramentos, sobretudo da Eucaristia, dela bebemos dos ensinamentos recebidos do Salvador e de seus Apóstolos. A Igreja é nossa Mestra.
Nela nós temos a riqueza inesgotável que é a presença constante de seu Divino Fundador. O que seria de nós sem a Igreja? A nossa Fraternidade não pode caminhar á margem da Igreja, nós somos Igreja e temos que caminhar com a Igreja. Caminhar na unidade com os sucessores dos Apóstolos, nossos Pastores, é uma graça.

2.5. Maria Santíssima, Mãe de Jesus, primeira evangelizada e primeira evangelizadora é a Mãe, a Mestra e o modelo da nossa Fraternidade Missionária. Exemplo de Serva Fiel, Discípula por excelência do Senhor, Representante legítima dos pobres, cantora e profetiza da libertação. (Lc 1,26-56) Maria de Nazaré, a mulher mais perfeita e radiante da História da Salvação. Escolhida para ser mãe do Verbo de Deus, prontamente deu seu sim. Foi profundamente envolvida no mistério da Santíssima Trindade e se tornou toda de Deus – cheia de graça!
Nossa Mãe Santíssima, elevada acima de todos os anjos e de todos os santos, por que nela se antecipou todos os méritos da Redenção de Cristo Salvador.
Viveu intimamente unida a Cristo, seu filho, e a Igreja. Sua fidelidade ao projeto de Deus e sua disponibilidade para o serviço nos oferecem o modelo perfeito da serva e discípula do Senhor.
Escolhida entre os pobres, predileta do Pai, Maria é a pobre de Nazaré que, diante de Deus representa e apresenta os pobres e seus clamores por justiça e liberdade. Mãe do Filho de Deus, Mãe de Deus feito homem, nossa Mãe, Mãe da Igreja, Mãe e Mestra da nossa Fraternidade Missionária Emaús. Estava de pé junto à cruz do seu filho e estava presente quando os discípulos de Emaús levaram a noticia da aparição do Ressuscitado. Ela continua presente em nosso meio, e fica sempre com o coração cheio de alegria quando Ele é anunciado ao mundo.
Nossa Mãe Santíssima é nosso modelo de discipulado e de seguimento de Jesus! Ela nos ajuda a sermos servos fiéis de seu filho e a viver na santidade.
(continua....)

por: Pe. Valdiran dos Santos