terça-feira, 21 de maio de 2013

ORIENTAÇÕES PARA FRATERNIDADE MISSIONÁRIA EMAÚS - PARTE IV


(...CONTINUAÇÃO)


2.11. As casas onde moramos ou trabalhamos, em qualquer lugar onde quer que estejamos, devem ser casas acolhedoras, simples, alegres e fraternas. A princípio, cada membro da fraternidade residirá com a própria família. Podemos pensar na possibilidade de
morarmos em comunidade no futuro.
Nosso sonho é ter uma casa feminina e uma masculina para formar Comunidade de Vida. A experiência de vida comunitária é própria do cristianismo e tem sua origem na Comunidade Apostólica, iniciada pelo próprio Jesus. É uma riqueza singular! Temos a consciência que a vida comunitária é um desafio, e requer um espírito de coragem e de desprendimento de cada um que se lança nessa aventura de amor cristão. Deve ser levada diariamente a uma prática concreta da comunhão fraterna (Koinonia-Ágape), a utopia
do Reino de Deus na terra: a unidade na diversidade – caminho de santidade, de ascese e Kenosis e de felicidade.
Como não temos ainda a condição de adquirir imóveis para esse fim pensamos em iniciar uma experiência na casa paroquial. Isso é possível e não tem nada de extraordinário, pois milhões de pessoas no mundo fazem a experiência de vida comunitária. Encontro permanente com o Senhor, escola de discipulado com os irmãos.
O importante para nós na vida comunitária é transformar cada casa e cada comunidade em um centro missionário. Lugar irradiador de Evangelização e através da acolhida, simplicidade, alegria e fraternidade, levar as pessoas a sentir a presença do Ressuscitado. Esse é o objetivo principal e fundamental. Isso exige de nós uma disposição de colaborar com todas as forças para que esse objetivo seja alcançado; para isso, é necessário ter discernimento.
Confiamos na Providência Divina e na intercessão poderosa de Maria e de nosso querido São José, que nos hão de providenciar tudo que necessitamos no tempo oportuno.

2.12. A Oração, a Eucaristia e a Leitura Orante da Bíblia não podem faltar aos membros da Fraternidade, é nosso alimento para a missão.
Um carro sem combustível não funciona, isso é lógico.
Uma vida missionária sem contemplação não obtém os frutos desejados e se torna cansativa e desanimadora.
A oração, a Eucaristia e a meditação da Palavra de Deus, são o “combustível” e o alimento que nos fortalecem na caminhada missionária, o farol que ilumina e a seta que indica o caminho certo. É a alavanca que renova as forças e dá vigor, é a âncora que dá segurança. Portanto, a contemplação e a adoração a Jesus Sacramentado, devem ocupar um lugar e um tempo privilegiados em nossa vida pessoal e comunitária.
Não devemos esquecer o Amado da nossa vida, mas esforçarmos para estarmos sempre em sintonia e em comunhão com Ele, vivendo Nele e por Ele. É aqui que encontramos a doce alegria de unir a ação com a oração, a missão com a contemplação, as realidades da vida com a espiritualidade. Tudo isso nos faz enxergar bem mais longe e alcançar os mistérios do Reino, revelado aos pequenos e escondido aos inteligentes. (Mt 11,25).
Assim como nosso corpo precisa do alimento material para sobreviver, nosso espírito precisa do alimento espiritual para estar em permanente comunhão com Deus. Daí a importância da ascese em nossa vida como via de perfeição e de santidade. Não há glória sem calvário, não há ressurreição sem cruz, não há espiritualidade genuinamente evangélica sem sacrifício.

2.13. O estudo, a formação permanente e a informação devem nos acompanhar em cada momento da nossa vida, ler muito, estudar e escrever são ferramentas indispensáveis para o nosso crescimento
individual e comunitário.
O Espírito Santo nos ilumina, dirige e inspira tudo que devemos fazer para a obra da Evangelização. Ele é o doador de todos os dons e carismas, dons que têm a finalidade de construir o Corpo de Cristo que é a Igreja.
O Apóstolo Paulo nos explica maravilhosamente os dons e os carismas que nos são dados pelo Espírito para pormos a serviço da comunidade. (ICor 12-14).
O Espírito Santo é o Senhor da ciência, do conhecimento e entendimento. O mundo em que vivemos é um mundo das grandes descobertas tecnológicas.
Portanto, é um mundo bastante exigente que nos cobra constantemente a atualização em relação a tudo e, nos desafia na fé, nos envolve em polêmicas a fim de nos provar. Por isso mesmo, temos a necessidade de uma formação permanente e apurada para dar respostas convincentes no que diz respeito á pregação do Evangelho.
Por isso, é muito importante a formação acadêmica, o esforço em estudar, ler, pesquisar, se informar e estar por dentro da realidade mundial, nacional em relação às religiões, política, descobertas científicas, economia, e tudo que envolve o ser humano para que não sejamos pegos de surpresa. Devemos ser homens e mulheres atualizados em relação a tudo que nos rodeia, não apenas para conhecer, mas para iluminar a realidade humana com o Evangelho e com a fé no Ressuscitado, levando a todos a mensagem de vida e de esperança.
É importante que os irmãos e irmãs da FME, nunca parem de estudar, mas aproveitem todas as oportunidades de cursos, faculdades e formação, também a nível eclesial para aprofundarem os seus conhecimentos, para colocá-los a serviço dos pobres e excluídos da nossa sociedade.
Quem não aceita a formação, não tem a humildade de discípulo, Jesus continua dizendo para nós: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga”. (Lc 9,23).

2.14. Cada membro da Fraternidade Missionária Emaús deve trabalhar para sua própria manutenção. O trabalho também é uma maneira de nos sentirmos mais próximos do povo e solidários com ele, além de estarmos de pleno acordo com o conselho do Apóstolo
Paulo: (1Ts 4,11-12; 2Ts 3,6-15).
O ideal seria que o nosso trabalho fosse único e exclusivo para a construção do Reino de Deus. Que bom seria se tivéssemos vinte e quatro horas a serviço do Senhor e da sua Igreja!
Mas, vivemos no mundo e entre pessoas que labutam para a sua sobrevivência. Na qualidade de leigos, somos também chamados para dar testemunho de Cristo através da dignidade do trabalho que é um grande dom de Deus para o bem da humanidade desde a criação.
O trabalho por mais simples que seja dignifica o ser humano. Isso é tão evidente na tradição bíblica e eclesial, que Jesus chegou a afirmar: “O meu Pai sempre trabalha e eu também trabalho” (Jo 5,17). O Apóstolo Paulo nos aconselha a seguir o seu exemplo na questão do trabalho, falou da experiência pessoal de missionário e trabalhador para a sua própria manutenção (1Cor 4,12). Isso nos enriquece na experiência de vida, na autoestima e na identificação com o povo.
É algo que deve marcar nosso modus vivendi. Devemos ter cuidado para não criar necessidades desnecessárias. É preciso ter o mínimo possível para viver, lembrando sempre do nosso Mestre Jesus: “As raposas tem suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”. (Mt 8,20).
O trabalho nos faz solidários com o povo e também é um caminho para a santidade. No mundo do trabalho também somos chamados a viver o Evangelho e dar testemunho do amor de Deus em Cristo ressuscitado.

(...continua)
Por Pe. Valdiran dos Santos

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