domingo, 25 de março de 2012

FORMAÇÃO - EMAÚS PASSO A PASSO - PARTE VI



(...continuação)


Emaús Nicópolis   اللغة العربية     עברית  
O lugar aonde Jesus partiu o pão.

  Situada no cruzamento das rotas de acesso a Jerusalém, e das rotas que ligam o norte e o sul, sobre o solo fértil da planície de Séfela, a cidade de Emaús foi qualificada na Antiguidade como “lugar de águas deliciosas e de estância agradável”. O nome de Emaús provém da palavra hebraica  “Hamot”, que significa “fonte ou águas quentes”. No século III d.C., a cidade recebe um novo nome e se chama Nicópolis, que em grego significa “a Cidade da Vitória”.

História Antiga

 A história de Emaús é muito rica, e está marcada pela passagem de numerosos conquistadores e personagens ilustres. 
Na Bíblia, o livro de Josué explica como o sol e a lua se pararam sobre o vale vizinho de Aialom, enquanto que Israel lutava contra os seus inimigos. 
Em 165 a.C., Judas Macabeu obteve aqui uma vitória importante contra as tropas gregas de Nicanor, abrindo assim o caminho a Jerusalém e permitindo aos judeus a purificação do Templo e a restauração do culto divino, acontecimento que se comemora a cada ano na festa judaica de “Hanuca”. 
Lá pelo ano 30 d.C., a cidade de Emaús, destruída pela invasão romana, se converte num vilarejo pequeno, e é o lugar do encontro de Jesus ressuscitado com os seus discípulos, que o reconhecem no momento em que ele parte o pão. 
A Páscoa de Jesus Cristo, como um sol, se levanta sobre o curso da História, transformando a humanidade pelo Mistério Eucarístico. No século III a cidade foi reconstruída pelos romanos e uma grande comunidade cristã surgiu aqui.

O Evangelho segundo São Lucas 24,13-35:

 E eis que, no mesmo dia, iam dois deles para uma aldeia, que distava de Jerusalém cento e sessenta estádios, cujo nome era Emaús; E iam falando entre si, de tudo aquilo que havia sucedido. E aconteceu que, indo eles, falando entre si e fazendo perguntas um ao outro, o mesmo Jesus se aproximou, e ia com eles: Mas os olhos deles estavam como que fechados, para que o não conhecessem. E ele lhes disse: Que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós, e por que estais tristes ? E, respondendo um, cujo nome era Cleófas, disse-lhe: És tu só peregrino em Jerusalém, e não sabes as coisas que nela têm sucedido nestes dias? E ele lhes perguntou: Quais? E eles lhe disseram: As que dizem respeito a Jesus o nazareno, que foi varão profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo: E como os principais dos  sacerdotes, e os nossos príncipes, o entregaram à condenação de morte, e o crucificaram. E nós esperávamos que fosse ele o que remisse Israel; mas agora, sobre tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram. 
É verdade que, também, algumas mulheres, de entre nós, nos maravilharam, as quais de madrugada foram ao sepulcro; e, não achando o seu corpo, voltaram, dizendo que também tinham visto uma visão de anjos, que dizem que ele vive: E, alguns dos que estavam conosco foram ao sepulcro, e acharam ser assim, como as mulheres haviam dito; porém a ele não o viram. E ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas, e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras. E chegaram à aldeia para onde iam, e ele fez como quem ia para mais longe. E eles o constrangeram, dizendo : Fica conosco, porque já é tarde, e já declinou o dia. E entrou para ficar com eles. E aconteceu que, estando com eles à mesa, tomando o pão, o abençoou e partiu-o, e lho deu. Abriram-se-lhes então os olhos, e o conheceram, e ele desapareceu-lhes. E disseram um para o outro: Porventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava, e quando nos abria as Escrituras? E na mesma hora,  levantando-se, tornaram  para  Jerusalém, e acharam congregados os onze e os que  estavam com eles; Os quais  diziam: Ressuscitou verdadeiramente o Senhor, e já apareceu a Simão. E eles lhes contaram o que lhes acontecera no caminho, e como deles foi  conhecido no partir do pão. 

Pe. Valdiran Santos

(continua...)

sexta-feira, 23 de março de 2012

VÍGILIA PASCAL

 



NO DIA 31 DE MARÇO DE 2012 (SÁBADO), A PARTIR DAS 22:00
ACONTECERÁ  NA PARÓQUIA SANTA TEREZINHA, SITO EM RUA JORGE PALMIRO MERCADO, Nº 143 - VILA TEREZINHA, A  VIGÍLIA PASCAL DE NOSSA FRATERNIDADE.
CONVIDAMOS TODOS A PARTICIPAREM CONOSCO NESTE MOMENTO ABENÇOADO, DA ESPERA EM QUE JESUS É RECEBIDO COMO REI, NO DOMINGO DE RAMOS.
E INICIARMOS A SEMANA SANTA!

segunda-feira, 19 de março de 2012

FORMAÇÃO - EMAÚS PASSO A PASSO - PARTE V

 
(...continuação)


PASSAGENS DE EMAÚS, PASSAGENS TAMBÉM NOSSAS

24- Acabamos de ver, de maneira simples e resumida, como o episódio dos discípulos de Emaús constitui sábia pedagogia no processo da formação cristã, em todas as suas dimensões. Vamos agora ver como podemos nos situar no mesmo itinerário, já conscientes de que a passagem e caminhada de Jesus com os discípulos também se renova em cada um de nós, principalmente na dimensão comunitária, ou seja, no viver consciente da fé em comunidade.

25- Reforçando, pois, o tema da vida em comunidade, lembremo-nos de que dois são os discípulos de Emaús, como Onze (os Apóstolos) são os que recebem em Jerusalém a notícia da ressurreição, além de outros discípulos. Somente em situações especiais, é que o evangelho costuma particularizar um fato. Tal se dá, por exemplo, com a aparição a Maria Madalena, mas também ela não guarda para si a alegria do acontecimento e vai anunciá-lo aos discípulos (cf. Mc 16,9-10; Jo 20,11). Diante do acontecimento de Emaús, e de suas conotações comunitárias, devemos também nós passar:
Do afastamento - para a aproximação
Da partida - para o retorno
Do isolamento e da solidão - para a comunhão
Do fechamento - para a abertura
Da cegueira - para a iluminação
Do lamento - para o agradecimento
Da tristeza - para a alegria
Do não reconhecimento - para o reconhecimento
Da lentidão - para a prontidão
Do vazio do coração - para o ardor do Espírito
Da escuridão - para a luz
Do refúgio e da acomodação - para a missão apostólica


26- Como conclusão, também nós, após encontrar e reconhecer o Senhor em nossas vidas, devemos voltar para os irmãos, não cabisbaixos, tristes e sombrios, mas alegres e esperançosos. Devemos aprender com Jesus: a aproximação, o colocar-se ao lado dos caminhantes sofridos, sem esperança e frustrados; o ouvir, em primeiro lugar, as suas queixas; o respeito para com os seus limites e suas precariedades, como também o reconhecimento de suas qualidades e virtudes. Com o Senhor devemos ainda aprender a falar, na hora certa, o essencial, a valorizar os pequenos gestos e a dar graças pelo pão partilhado.

27- Com os seguidores de Jesus devemos aprender também, como é o caso dos discípulos de Emaús. Eles nos ensinam: a aceitar o outro, mesmo estrangeiro, em nossa caminhada, evitando assim o nosso elitismo ou nossas panelinhas; a ouvi-lo, mesmo que aquilo que ele tem a dizer não tem importância objetiva para a nossa vida; a elogiá-lo, quando suas palavras fazem arder também o nosso coração; a não censurá-lo, quando seus questionamentos de nossas atitudes e de nossa formação não param em simples questionamentos, mas nos orientam para a nossa verdadeira posição no corpo da Igreja e da família humana.

28- Vejam como tantos são, pois, os ensinamentos de uma simples passagem bíblica! Oxalá não substituamos nós a Bíblia Sagrada, este profundo manancial da salvação de nosso Deus (cf. Is 12,3) pelas cisternas secas dos homens (cf. Jr 14,3), abertas em corações vazios de amor. ( João de Araújo)


Pe. Valdiran dos Santos

(continua...)

segunda-feira, 12 de março de 2012

FORMAÇÃO - EMAÚS PASSO A PASSO - PARTE IV










(continuação)


5º PASSO (Lc 24,33-35)

20- O primeiro elemento fundamental deste passo é o inverso do que aconteceu no início. Lá os discípulos, tristes, sem esperança, frustrados e sombrios, deixam Jerusalém e vão a caminho da aldeia de Emaús. Aqui, alegres, felizes, com a certeza cristã da ressurreição do Senhor, eles voltam para Jerusalém. E caminhar para Jerusalém é uma forte expressão simbólica de Lucas: significa querer assumir os passos decisivos do sacrifício, como os de Jesus. 

21- Podemos dizer que o verbo mais importante aqui é anunciar, e anunciar a ressurreição, a essência do Evangelho, como fez, antes, Maria Madalena (cf. Jo 20,18). Notemos que os discípulos não olham para o que é desfavorável à sua atitude, como o fato, por exemplo, de já ser noite, e os perigos naquele caminho serem notórios. Aqui se abre, pois, para nós o horizonte da missão. E quando se trata, como vemos, das maravilhas de Deus, há pressa nas iniciativas do missionário, pois é preciso anunciar tais maravilhas. Foi assim também com Maria, na visitação a Isabel, como nos narra o mesmo Lucas, no início de seu evangelho: "... Maria partiu  apressadamente..." (cf. Lc 1,39).


22- Outro dado também significativo, é que a notícia é dada, inicialmente, aos irmãos na fé, os apóstolos, que se encontravam reunidos em Jerusalém, depois, naturalmente, numa manifestação jubilosa, que confirmava, misteriosamente, a primazia de Pedro, no tocante à própria aparição do ressuscitado. Por isso, Lucas põe na boca dos outros discípulos, reunidos em Jerusalém,  a expressão: "É verdade! O Senhor ressurgiu e apareceu a Simão!" (cf, 24-34). Em seguida, os dois discípulos narram os acontecimentos daquela tarde e daquela noite e como haviam reconhecido o Ressuscitado na fração do pão.

23- Notemos que, tomando o termo técnico da fração do pão, como também em At 2,42, Lucas deve ter pensado na Eucaristia, como já se falou neste trabalho. Também podemos afirmar que a invisibilidade de Cristo nas espécies eucarísticas, como se dá no culto cristão da missa, pode-se antever no final do versículo trinta e um da perícope de Lucas aqui comentada: "...Ele, porém, desapareceu da vista deles".  Seria uma mera coincidência, sem forte sentido litúrgico? Parece-nos que é mais correto dizer que se trata de verdadeira ligação, em sentido bíblico.

Pe. Valdiran Santos 

(continua)

quinta-feira, 8 de março de 2012




Ser mulher é...

Viver mil vezes em apenas uma vida,
é lutar por causas perdidas e sempre sair vencedora,
é estar antes do ontem e depois do amanhã,
é desconhecer a palavra recompensa apesar dos seus atos.
 
Ser mulher é chorar de alegria e muitas vezes sorrir com tristeza,
é cancelar sonhos em prol de terceiros, é acreditar quando ninguém mais acredita,
é esperar quando ninguém mais espera.
 
Ser mulher é estar em mil lugares de uma só vez,
é fazer mil papéis ao mesmo tempo,
é ser forte e fingir que é frágil para ter um carinho.
 
Ser mulher é acima de tudo um estado de espírito,
é uma dádiva, é ter dentro de si um tesouro escondido
e ainda assim dividi-lo com o mundo, todos os dias !!!
  
Parabéns !!!

quinta-feira, 1 de março de 2012

FORMAÇÃO - EMAÚS PASSO A PASSO - PARTE III


(...continuação)


4º PASSO (Lc 24,28-32)

13- Já aqui, aproximando-se da aldeia para onde iam, Jesus provoca neles uma atitude fraterna, "fazendo de conta que ia mais adiante". Lucas, que gosta de detalhes, para enfatizar temas a ele caros, deixa transparecer aqui o desejo de Jesus de ser convidado para um repouso, para uma refeição judaica, costume próprio do povo de Israel, e que, no pensamento de dele (Jesus), naquela noite, ia revestir-se de um sentido novo. Também a atitude de Jesus é simpática aos olhos do evangelista, ao valorizar a simplicidade daqueles discípulos, agora o tratando não mais como forasteiro, mas como amigo e desejado hóspede.

14- O texto fala, pois, da insistência dos discípulos para que Jesus permanecesse com eles. Hoje sabemos, pelo contexto, que não era preciso insistir tanto, dado o desejo do próprio Senhor, revelado pelo evangelista. Veja-se a sublimação de toda verdadeira evangelização: os evangelizados insistem para que o evangelizador permaneça com eles, e até apontam um motivo, que é simples, e, ao mesmo tempo, simbólico: cai a tarde e o dia já declina. Não seria este, depois, um pedido também de todo cristão para que Jesus com ele permaneça sempre, principalmente no entardecer da vida?


15- É consolador verificar que Jesus provoca e aceita um encontro mais íntimo e espiritual com os discípulos. E como se deu esse encontro? Juntos à mesa, numa refeição judaica, é verdade, mas também, segundo Lucas, em sentido celebrativo. Aqui o verbo que dá ênfase ao momento é, portanto, celebrar. E Lucas tem a clara intenção de, narrando uma refeição comum, dirigir nossa atenção para a Eucaristia. O rito do versículo trinta é o mesmo da instituição eucarística, como se vê em Lc 22,19. Nesse momento, narra o Evangelho, os discípulos reconhecem o Cristo Ressuscitado. 

16- O texto de Emaús já nos aponta a convicção da Igreja: é no partir o pão, isto é, na celebração da Eucaristia, como o ponto mais alto da Liturgia, que podemos reconhecer Jesus Cristo plenamente como o nosso Salvador, ao mesmo tempo em que somos despertados para a nossa vida de comunhão e de partilha. Alargando ainda mais o nosso horizonte de compreensão eucarística, podemos também observar que os discípulos de Emaús não faziam parte do grupo dos Apóstolos, por isso não estavam presentes na última ceia. Assim, o rito da fração do pão que, sacramentalmente, só viveriam depois, realizou neles, antecipadamente, a importância vital da Eucaristia.

17- Parece que Lucas quis de fato deixar transparecer esta verdade, ao falar de fração do pão, pois este era o nome da missa nos primórdios da Igreja (cf. At 2,42). Observemos também que todo o episódio de Emaús se assemelha aos ritos da celebração litúrgica da missa: uma interiorização pelos caminhos, com questionamentos, como nos ritos iniciais; uma Palavra viva, de Cristo, iluminando a vida, como na Liturgia da Palavra; e, culminando, a refeição celebrativa, como na parte eucarística da missa. 

18- Como vimos na reflexão acima, a Palavra prepara então a Eucaristia, e tal se deu também no episódio de Emaús: a palavra de Jesus fazia arder o coração dos discípulos, no caminho, mas não lhes dava ainda a capacidade de reconhecê-lo plenamente. Isto só aconteceu quando se puseram à mesa e partiram o pão. Daí então, no mistério da liturgia, a presença de duas mesas: a da Palavra, que orienta para a Eucaristia, já como alimento redentor, e a mesa eucarística, que dá culminância e plenitude à Palavra. Se o Verbo se fez carne e habitou entre nós, no Mistério da Encarnação, (cf. Jo 1,14), no Mistério da Páscoa o Verbo se faz Pão, para ser nosso alimento eterno (cf. Jo 6,35).


19- Outro dado importante no acontecimento de Emaús, e que serve de modelo para todo processo de evangelização, é que a celebração vem como culminância da caminhada e do processo. Em Emaús, só depois da preparação, evangelização e catequese é que se celebra, o que, em parte, hoje também já acontece na ação missionária da Igreja: procura-se conhecer primeiro, de maneira objetiva, toda a realidade dos povos, pessoas ou grupos a serem evangelizados, no tocante inclusive a seus valores, culturas e tradições. Podemos dizer, após límpida reflexão, que tudo deve convergir para a celebração, como em Emaús, ao mesmo tempo que afirmamos, sem paradoxo, que a celebração é fonte de todo trabalho apostólico e missionário. Não nos esqueçamos de que, se em Emaús, os discípulos só reconheceram o Senhor ressuscitado na fração do pão, depois de o reconhecerem, sem medir consequências, partiram para Jerusalém, a fim de anunciar a ressurreição.
(continua...)
Pe. Valdiran Santos