terça-feira, 26 de março de 2013

PÁSCOA DO SENHOR


A EXPERIÊNCIA DE EMAÚS - Lc 24, 13-35

“Reconheceram Jesus quando Ele repartiu o pão”


Talvez, um dos relatos mais conhecidos de Lucas seja a história dos dois discípulos na estrada de Emaús. Aqui temos o retrato das suas comunidades – vacilando na fé, descrentes, desanimadas, sem sentir a presença do Ressuscitado entre elas. Lucas procura reanimar o seu pessoal, mostrando que eles não estão abandonados – muito pelo contrário, estão caminhando junto com a presença do Senhor que venceu a morte.
Essa história pode nos ajudar bastante hoje, pois nos indica como devemos usar a Bíblia para animar a nossa caminhada. Jesus é o mestre da Bíblia, e aqui ele ensina como aproveitar a Escritura para iluminar os problemas práticos da nossa caminhada, e nos dar coragem na nossa missão de evangelizadores.
O que temos aqui é realmente um pequeno drama em cinco atos – um drama que nos mostra a pedagogia de Jesus. Vejamos mais de perto:
O primeiro ato: versículos 13-19a: “Introdução
O relato começa com as palavras “nesse mesmo dia”. Devemos já fazer uma parada e nos perguntar “que dia”? Para nós seria o dia da Ressurreição, mas para os dois discípulos era simplesmente o terceiro dia da morte de Jesus! Dia de desânimo, de tristeza. “Os dois iam para um povoado chamado Emaús, distante onze quilômetros de Jerusalém”. Aqui é bom lembrar que o bom judeu não podia caminhar mais do que um quilômetro no dia de sábado. Portanto, era impossível que eles viajassem no dia anterior. Domingo é a sua primeira oportunidade para sair de Jerusalém, e aproveitaram bem – já estão voltando para a sua casa. A cena começa com a desintegração da comunidade cristã. Tudo acabou, a comunidade se dispersa, não há nem alegria nem esperança.
Quem eram eles? Sabemos do relato que um se chamava Cléofas! E o outro? O Evangelho de João nos conta que a irmã de Maria, mãe do Senhor, chamada Maria de Cléofas, estava junto à cruz (Jo 19, 25). Não seria demais acreditar que os dois discípulos fossem um casal, Cléofas e a sua esposa, voltando depois da peregrinação pascal à Jerusalém. Nunca saberemos com certeza, mas é uma hipótese agradável e possível. Pois, sendo assim, a descoberta da presença do Ressuscitado dar-se-á num lar e não numa hospedaria anônima. Seria bem de acordo com a valorização na obra de Lucas da Igreja Doméstica, a Igreja que se reuniu nas casas, como fazem tantas Igrejas vivas de hoje.
De repente, no caminho surge Jesus, sem que seja reconhecido. Com isso, Lucas quer dizer que o Ressuscitado não é um defunto que voltou a viver – tem uma nova maneira de ser, um corpo glorificado. É importante notar como Jesus se comporta, através do verbos que Lucas usa. Ele “aproximou-se”, “caminhou com eles” e “perguntou”. Ele não veio “dando de dedo”, nem dando explicações bíblicas. Ele criou um ambiente de fraternidade onde fosse possível explicar tanto a vida como a Bíblia! Quantas vezes isso falta em nossos grupos, nossas comunidades – não nos aproximamos uns aos outros, mantemos distância! Não caminhamos juntos, queremos dar soluções sem conhecer a realidade dos nossos irmãos e irmãs! E por isso mesmo, muitas vezes não têm efeito as nossas reuniões, os nossos encontros bíblicos.
O “ato” termina com a pergunta d’Ele: “O que é que vocês andam discutindo pelo caminho” (v. 17), ou seja, Ele dá uma oportunidade para que eles exponham a sua realidade, sem julgamento, sem moralismo. Ele parte da realidade dos dois.
Segundo ato: vv 19b-24: “Os discípulos falam”
Diante da oportunidade de explicitar a sua realidade, Cléofas não titubeia. Ele expõe com clareza a sua situação. Diante da morte de Jesus ele frisa uma coisa importante: “nós esperávamos que ele fosse o libertador de Israel”(v. 21) Eles “esperavam”, portanto não esperam mais nada. Aqui ressoam traços de decepção, desilusão, desânimo, até de uma certa revolta contra Jesus, pois todas as suas esperanças tinham sido desfeitas. Os seus sentimentos vão muito além de uma simples tristeza!
É importante notar também que Lucas explicita bem quem foi que matou Jesus – não foi o povo, foram grupos de interesse bem definidos: “Nossos chefes dos sacerdotes e nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte, e o crucificaram”(v. 20). Para não reduzir a morte de Jesus a uma fatalidade qualquer, ou a algo desejado pelo Pai, é mister examinar mais profundamente esta afirmação do Cléofas. Jesus foi morto, assassinado judicialmente pelos “chefes dos sacerdotes” – um grupo de sacerdotes saduceus, que dominavam o comércio do Templo, lucrando muito com a exploração do povo através da religião, e que viu a sua hegemonia ameaçada pela pregação e profetismo de Jesus. Também foi morto pelos “chefes” ou “magistrados”, ou seja, os membros do sinédrio, na maioria pertencentes ao partido elitista dos saduceus (não dos fariseus), e colaboradores com o poder romano, lucrando bastante com isso. Então Jesus foi morto não por acaso, mas para defender os privilégios da elite dominante! A cruz era a conseqüência lógica da vida de Jesus!
Outro elemento importante é o fato de que eles sabiam do túmulo vazio – dois dos apóstolos já tinham verificado a história das mulheres. Mas isso não dizia nada para eles! Aqui se destaca que a nossa fé não se baseia num túmulo vazio! É a nossa fé na Ressurreição que explica porque o túmulo estava vazio, e não o túmulo que dá consistência à nossa fé!
Terceiro ato: vv 25-27: a Bíblia
Agora, e só agora, depois de ter criado o ambiente e escutado a realidade, é que Jesus usa a Escritura. Ele frisa que eles “custam para entender e demoram para acreditar em tudo o que os profetas falaram”(v. 25). Notemos bem – não custaram para “saber”, mas para “entender e acreditar”. Pois eram judeus piedosos, que, mesmo sendo analfabetos, conheciam de cor os salmos e as profecias. O seu problema era que embora conhecessem o livro da Bíblia, e também o livro da vida, eles não conseguiam ligar as duas coisas. Então Jesus “explica” as Escrituras – isso é, Ele não dá uma aula de exegese, mas faz a ligação entre a vida deles e a Bíblia, iluminando a sua realidade com a Palavra de Deus!
Quarto ato: vv 28-32: a partilha
Chegando em Emaús, os discípulos convidam Jesus para entrar a e jantar com eles. Se realmente se trata de um casal, então seria entrar na sua casa, no aconchego do seu lar,
e não numa hospedaria, como normalmente a gente supõe. E aqui temos o ponto central da história – pois até agora a explicação bíblica, por tão bonita que pudesse ter sido, não mudou a vida deles. Mas agora sim. Jesus se põe a mesa e: “tomou o pão e abençoou, depois o partiu e deu a eles”(v. 30). De propósito, Lucas usa as palavras que recordam a Última Ceia. É a experiência da partilha, da comunidade! Agora o milagre acontece: “Nisso os olhos dos discípulos se abriram e eles reconheceram Jesus” (v. 31). E, neste mesmo momento, Jesus desaparece da frente deles! Por que? Porque, uma vez feita a experiência da presença do Ressuscitado no meio deles, eles não precisavam mais da “muleta” da sua presença física. E agora eles caem dentro de si e reconhecem que: “Não estava o nosso coração ardendo quando ele nos falava pelo caminho, e nos explicava as Escrituras?”(v. 32). A Bíblia é capaz de fazer “arder o coração”, mas para “abrir os olhos” é necessário a experiência de comunidade, de celebração, de partilha!
Quinto ato: vv 33-36: a missão
Se a história terminasse aqui, seria a história de uma experiência bonita feita por duas pessoas. Isso não basta. Tal experiência da presença do Senhor Ressuscitado exige a formação de uma comunidade fraterna de missão. Os mesmos dois que de manhã fugiam de Jerusalém, pois era o lugar da morte, da perseguição, do fracasso, de tarde se põem no caminho de volta! O que mudou em Jerusalém durante o dia? Nada! Continua sendo o lugar de perigo, de morte, de perseguição. Mas mudou a cabeça dos dois. Em lugar de uma fé pré-pascal, eles agora têm uma fé pós-pascal. Em lugar de desânimo, há entusiasmo e coragem, pois experimentaram a presença de Jesus Ressuscitado. E a história que começou com a comunidade se desintegrando, termina com a comunidade se reintegrando, se unindo, na paz e na alegria, pois puderam confirmar:“Realmente o Senhor ressuscitou, e apareceu a Simão” (v. 34). E os dois de Emaús puderam contar: “O que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus quando Ele partiu o pão” (v. 36).
Esta história pode servir para nós como paradigma de um círculo bíblico, grupo de reflexão, ou seja qual for o nome que nós damos às nossas pequenas comunidades. Jesus liga quatro elementos essenciais – a realidade, a Bíblia, a celebração partilhada e a comunidade. E é na união entre estes elementos que se revela a presença do Ressuscitado e a vontade de Deus. É na interação destes aspectos da vida cristã que a Bíblia se torna: “Lâmpada para os meus pés, e luz para o meu caminho” (Sl 119, 105). Procuremos unir estes elementos nas nossas reuniões e encontros, e descobriremos como se concretiza o desejo do Salmista: “Oxalá vocês escutem hoje o que Ele diz” (Sl 95, 7)

Por Pe. Valdiran dos Santos

segunda-feira, 25 de março de 2013

 (compartilhado por Pe. Valdiran via facebook)


COMO VIVER BEM A SEMANA SANTA?

Estamos concluindo a quaresma. Esses quarenta dias nos ajudaram, certamente, a nos conhecermos um pouco melhor. Sabemos das nossas incoerências, de nossas infidelidades e de nossas fraquezas. Ao considerarmos nossa vida, lembramos que houve momentos em que nos deixamos levar pelo entusiasmo. Foram momentos em que nos identificamos com Pedro e, como ele, dissemos a Jesus que o seguiríamos até onde fosse preciso e que estaríamos sempre a seu lado. Da mesma maneira como o povo de Jerusalém à entrada de Jesus, montado no burrico, nós o aclamamos como nosso Senhor e nosso Salvador.

Mas, também, recordamos os vários momentos em que nos comportamos tal como o povo de Jerusalém diante de Pilatos, Ou como Pedro nos momentos de dificuldade. Negamos e abandonamos os seus caminhos e colocamos o coração, a vida e a esperança em outros senhores que nos conduziram sem que pudéssemos evitar a escravidão e a morte. Da mesma maneira como o povo de Jerusalém no momento da Paixão, gritamos: "crucifiquem-no". E, como Pedro, preferimos dizer que não o conhecemos, que nós de nada sabemos e que jamais estivemos juntos a esse senhor que chamam de Jesus. Nossa vida se vai tecendo com essas inconstâncias e incoerências. Mas, ante tudo isso, encontramos a constância e a coerência de Jesus, o Filho de Deus, o enviado do Pai, empenhado em nos mostrar seu amor até o final, até oferecer sua vida completamente por nós.

Deus é obstinado em seu amor. Não se demove nem um centímetro e, ainda que digamos que não o conhecemos, continua nos admitindo como filhos e irmãos, como membros queridos de sua família. Aí está a chave da celebração da Semana Santa. Recordamos o amor de Deus por nós. Mais forte do que a morte e, com certeza, mais forte do que o nosso próprio pecado. O ponto chave para o entendermos está no olhar que Jesus lança a Pedro, quando este o nega pela terceira vez. Foi um olhar cheio de carinho. Conhecia-o bem em sua fraqueza, mas nem por isso o amava menos. Hoje esse olhar chega a cada um de nós. Conhece-nos bem, por dentro e por fora. Jesus nos olha com carinho e amor pleno.

Na Semana Santa já não é tempo de olharmos para nós mesmos e para nossas faltas, mas de contemplar o amor de Deus, manifestado em Jesus.

Dom Eurico dos Santos Veloso, colunista do Portal Ecclesia.

domingo, 17 de março de 2013


Compartilhado no facebook por Valdiran dos Santos

Lendo o significadfo dos gestos! 
O Papa Francisco por Júlio Lázaro Torma*
" Francisco, não vês que a minha casa esta em ruínas?
Vai pois e restaura a para mim?"
(Crucifixo di San Damiano)
Olhando a lista dos Papas o único nome em que não se encontra é o de Francisco, Francesco o " Poverello " de Assis o Pobrezinho.
Mesmo que contra a vontade de São Francisco de Assis, temos Bispos,Arcebispos, Cardeais Franciscanos.Bem como já sentou no trono de Pedro, Papas oriundos dos filhos do Pobrezinho de Assis (Frades Menores, Conventuais,Capuchinhos).
Mas nenhum púrpurado, mesmo sendo dos filhos do Poverello,teve a coragem de escolher para si o nome de " Francisco I" e ter o seu nome anunciado no balcão da Basílica de São Pedro.
" Habemus Papam... Anuncio-vos com grande alegria que temos Papa:( ...) Cardeal da santa Igreja Romana, que escolheu o nome de FRANCISCO I".
O nome da pessoa mostra o perfil em que será esta pessoa, seu estilo de ser e no caso do Papa, como ele devera conduzir a Igreja, o aprisco a ele confiado.
Passados oito séculos, Francisco Bernadone, é um grande desafio para a Igreja e para a humanidade.
Todos nós diferente de credo o admiramos e temos dentro de si um Francisco de Assis, o " louco", o " poeta", o " arauto do grande Rei".
O jovem que subverteu a Igreja de seu tempo, vivendo e desposando a " Dama pobreza", não era " Maior", presbítero ou bispo, mas um simples leigo que queria ser o Menor dos menores, viver a radicalidade do Evangelho entre os pobres, excluídos e abandonados.
Por questões burocráticas alguns biógrafos o colocam como diácono e outros estudiosos declaram São Boaventura de Bognoreggio( 1218-1274), como fundador canônico da Ordem Franciscana.
Francisco Bernardone filho do rico lojista de Assis, Pedro Bernardone que importava tecidos finos da França para a Úmbria fascina e ao mesmo tempo incomoda a IGREJA.
Francisco se despoja de tudo e vai viver entre os pobres e se torna o menor dos menores, " aquele que serve", na praça pública, diante do bispo Dom Guido I e de seu pai Pedro Bernardone,do povo se despoja e entrega as roupas ao pai.
Segundo Paulo VI , com " esta Igreja será muito difícil termos um papa Francisco".
Assim como no século XII a Igreja esta em processo de desabar e precisa de um Francisco que a reforme, segure as paredes como sonhou o poderoso Papa Inocêncio III.
Que ele faça ela voltar ao seu primeiro amor que é se entregar ao seu amado.
A Igreja deveria se despojar de seu rico patrimônio, do Banco do Vaticano e de seu poder temporal, que gera muitos conflitos, cobiças e rivalidades pelo comando da Igreja para satisfazerem o seu ego e não se colocar a serviço.
Assim deve ser fazer o novo Papa, como Francisco destruiu o convento construído por Frei Elias Bombaroni, para acolher os irmãos da ordem.
Que a Igreja seja como falava o Papa João XXIII; " Igreja dos pobres, para ser a Igreja de todos", uma Igreja, pobre, acolhedora, serva que seja a menor entre os menores.
Despojada de todo o poder temporal e de alianças com os poderes políticos e financeiros.
Uma Igreja que a exemplo de " Cristo e os Apóstolos não possuíam propriedades nem individual, nem comum e não tinham direito sobre coisa alguma; por isso os filhos de São Francisco deveriam assim viver, não possuindo( nem comunitariamente) o que quer que fosse"( Capítulo Geral da Ordem dos Comunitários, 1322).
Que " esteja no meio de gente comum e desprezada, de pobres e fracos, enfermos e leprosos e mendigos de beira de estrada" (São Francisco de Assis, Regra Não Bulada).
O Papa Francisco I ,ao se apresentar ao balcão da Basílica de São Pedro, se desvencilha de todo o poder, diante do colégio cardinalício, da multidão e da mídia mundial. Onde retira as vestes magna de Sumo Pontífice e entrega aos cardeais e fica só com a túnica branca e o crucifixo.
Os cardeais ao verem a cena se lembram de sua nudez como filhos de Adão e o Papa Francisco, mostra ao mundo o verdadeiro patrimônio da Igreja, que não são os bens materiais, fortunas, propriedades, mas como disse o diácono Lourenço ao imperador Valeriano(+ 258), antes de sofrer os suplícios do martírio, ao lhe apresentar os pobres e excluídos.
" Eis aqui os nossos tesouros ( os pobres), que nunca diminuem, e podem ser encontrados em toda parte".
Mas como sei que não teremos um Papa como Francisco de Assis, não custa sonhar, pois é a única coisa que ninguém vai tirar do ser humano que é o direito a sonhar e delirar.
________________
* Membro da Equipe Arquidiocesana da Pastoral Operária de Pelotas/ RS

sábado, 2 de março de 2013

CARTA SOBRE O CONCLAVE


Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo
São Paulo, 25.02.2013
Aos irmãos bispos auxiliares de São Paulo
Aos sacerdotes e diáconos, religiosas/os, consagradas/os e leigos/as
da Arquidiocese de São Paulo

Caríssimos/as,
Antes de partir para Roma, onde participarei da “despedida” do papa Bento XVI e do Conclave, desejo dirigir-lhes ainda uma breve palavra.
Antes de tudo, convido-os a vivermos com intensa fé este momento raro na vida da
Igreja. Talvez nem todos vêem e compreendem a Igreja como nós a vemos e compreendemos, a partir da fé e da estima que nutrimos por ela; por sermos parte
da mesma Igreja, conhecemos que ela é mais do que a soma de todos os membros e organizações visíveis que dela fazem parte.
A Igreja faz parte do “Mistério”, do desígnio salvador de Deus, que se serve da fragilidade humana para vir ao encontro dos homens, mostrar-lhes seu amor e para dar-lhes a plenitude da vida. Na base da Igreja, no seu interior e à frente está sempre a ação providente da Trindade Santa. Portanto, tenhamos coragem e fiquemos firmes na nossa fé, mesmo se as águas onde navega a barca de Pedro ficam agitadas. Lembremos sempre de que Jesus vai conosco na barca!
Convido a rezar intensamente pela Igreja nesses dias, para que ela seja sempre mais fiel a Cristo e à missão recebida; que todos nós, católicos, nos convertamos profundamente à verdadeira fé e à vida cristã autêntica, ouvindo os apelos da Palavra de Deus nesta Quaresma e no Ano da Fé. Rezemos e confiemos n’Aquele que disse: “tende coragem! Eu estarei sempre convosco!”.
Sugiro que, durante o período da “sede vacante”, até que seja eleito o novo Papa, em todas as igrejas da Arquidiocese sejam feitas celebrações e orações especiais pela Igreja, pedindo o aumento de nossa fé; pelo Conclave e pelo que será eleito Papa, para que tenha toda a assistência do Espírito Santo no desempenho de sua árdua missão à frente da Igreja inteira, como Sucessor de Pedro. Poderão ser feitas “horas santas”, adoração ao Santíssimo Sacramento, oração do Rosário e Santas Missas nessas mesmas intenções. Conclamemos o povo à oração neste momento importante da vida da Igreja.
Esclareço que, durante a minha ausência da Arquidiocese de São Paulo, Dom Tarcísio Scaramussa, bispo auxiliar para a Região Sé, responderá pela Arquidiocese na condição de Vigário Geral para toda a Arquidiocese. E o Cônego Antônio Aparecido Pereira é o porta voz da Arquidiocese.
Enfim, respondo a uma pergunta feita por vários sacerdotes: como se deve mencionar o nome do Papa na Oração Eucarística da Missa durante o período da sede vacante? A resposta simples é esta: não se menciona. E nem se substitui pelo “Papa que será eleito”, nem pelo “Cardeal Camerlengo”, nem pelo “Conclave”.
Simplesmente, omite-se a referência ao Papa durante o período da sede vacante.
Explicações mais detalhadas sobre o mesmo assunto podem ser lidas a seguir, logo abaixo.
Que o apóstolo São Paulo interceda por nós todos e nos ajude a ser fortes na fé, alegres na esperança e operosos na caridade! Que o exemplo de fé de Nossa Senhora nos ajude!
Aproveito a ocasião saudar a todos e para lhes desejar todo o bem. Deus abençoe a todos!
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo

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A MENÇÃO DO NOME DO BISPO E DO PAPA
NA ORAÇÃO EUCARÍSTICA
A menção do nome do Bispo e do Papa na oração eucarística não tem a ver com distinção, mas
para evidenciar que a Missa é celebrada em comunhão com os Pastores da Igreja. Por isso,
se menciona o nome daquele que, efetiva e canonicamente, desempenha o cargo de
Ordinário tanto na diocese quanto na Sede Apostólica, desde a sua posse canônica até o fim
do exercício de seu governo pastoral
Então, por quem se reza quando não se tem um Papa eleito?
Há notícias de celebrantes que, erroneamente, rezam nas preces eucarísticas "pelo Papa que
será eleito", "pelo Colégio de Cardeais", pelo "Camerlengo". Apesar de o Missal reformado
pelo Concílio Vaticano II não apresentar nenhuma indicação a este respeito, o “Missale
Romanun” (edição típica de 1962), é uma fonte que pode nos orientar: “'Una cum Papa
nostro...'1, expressa o nome do Papa, 'mas estando a Sede vacante, estas palavras sejam
omitidas'”. Portanto, omita-se tanto a menção do nome do nome Papa quanto o próprio
texto da oração a ele referente, passando logo para o Ordinário do lugar, o Bispo.
A regra geral, por conseguinte, é que se omita tudo quanto se refere ao Papa na oração
eucarística. A saber, as preces eucarísticas como devem ser rezadas após a renúncia de Bento
XVI e o início do Pontificado do novo Papa:
Oração eucarística I ou "Cânon Romano"
Nós as oferecemos também [pelo vosso servo o papa N.] por nosso bispo N. e por todos os que
guardam a fé que receberam dos apóstolos.
Oração eucarística II
Lembrai-vos, ó Pai, da vossa Igreja que se faz presente pelo mundo inteiro: que ela cresça na
caridade [com o papa N.,] com o nosso bispo N. e todos os ministros do vosso povo.
Oração eucarística III
E agora, nós vos suplicamos, ó Pai, que este sacrifício da nossa reconciliação estenda a paz e a
salvação ao mundo inteiro. Confirmai na fé e na caridade a vossa Igreja, enquanto caminha
neste mundo: [o vosso servo o papa N,] o nosso bispo N. com os bispos do mundo inteiro, o
clero e todo o povo que conquistastes.
Oração eucarística IV
E agora, ó Pai, lembrai-vos de todos pelos quais vos oferecemos este sacrifício: [o vosso servo
o papa N.,] o nosso bispo N., os bispos do mundo inteiro, os presbíteros e todos os ministros,
os fiéis que, em torno deste altar, vos oferecem este sacrifício, o povo que vos pertence e
todos aqueles que vos procuram de coração sincero.
Oração eucarística V
Dai [ao Santo Padre, o Papa N., ser bem firme na fé e na caridade, e] a N., que é bispo desta
Igreja, muita luz para guiar o seu rebanho.
Oração eucarística VI-A
Renovai, Senhor, à luz do evangelho, a vossa Igreja (que está em N.). Fortalecei o vínculo da
unidade entre os fiéis leigos e os pastores do vosso povo, em comunhão com [o nosso papa N.
e] o nosso bispo N. e os bispos do mundo inteiro, para que o vosso povo, neste mundo
dilacerado por discórdias, brilhe como sinal profético de unidade e de paz.
Oração eucarística VI-B
1 “Ubi dicit: una cum famulo tuo Papa nostro N., exprimit nomen Papae: Sede autem vacante verba
praedicta omittuntur” (Missale Romanum, editio tipica 1962, Ritus servandus in celebratione Missae,
VIII, 2).
Fortalecei, Senhor, na unidade os convidados a participar da vossa mesa. Em comunhão com
[o nosso papa N. e] o nosso bispo N. com todos os bispos, presbíteros, diáconos e com todo o
vosso povo, possamos irradiar confiança e alegria e caminhar com fé e esperança pelas
estradas da vida.
Oração eucarística VI-C
Pela participação neste mistério, ó Pai todo-poderoso, santificai-nos pelo Espírito e concedei
que nos tornemos semelhantes à imagem de vosso Filho. Fortalecei-nos na unidade, em
comunhão com [o nosso papa N. e] o nosso bispo N., com todos os bispos, presbíteros e
diáconos e todo o vosso povo.
Oração eucarística VI-D
Senhor Deus, conduzi a vossa Igreja à perfeição na fé e no amor, em comunhão com [o nosso
papa N.,] o nosso bispo N., com todos os bispos, presbíteros e diáconos e todo o povo que
conquistastes.
Oração eucarística VII
Conservai-nos, em comunhão de fé e amor, unidos [ao papa N. e] ao nosso bispo N. Ajudai-nos
a trabalhar juntos na construção do vosso reino, até o dia em que, diante de vós, formos
santos com os vossos santos, ao lado da virgem Maria e dos apóstolos, com nossos irmãos e
irmãs já falecidos que confiamos à vossa misericórdia. Quando fizermos parte da nova criação,
enfim libertada de toda maldade e fraqueza, poderemos cantar a ação de graças de Cristo que
vive para sempre.
Oração eucarística VIII
Ele nos conserve em comunhão com [o papa N. e] o nosso bispo N. com todos os bispos e o
povo que conquistastes. Fazei de vossa Igreja sinal da unidade entre os seres humanos e
instrumento da vossa paz!