terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Ano Novo, Vida Nova





 
Tempo de avaliar o que passou, para repetir os acertos e corrigir as falhas, para perdoar e esquecer as mágoas.

É hora de recomeçar.

Tantas coisas aconteceram e, no meio da pressa, parece que nunca temos tempo para realizar nossos sonhos
e projetos.

Mais um ano se passou.

Foi tudo tão rápido.

Você olha para trás e vê sucessos e decepções, tristezas e alegrias, fantasias e realidades.

O peso do ano velho ainda está em seus ombros, em sua vida, em seu coração.

É tempo de parar.

Decrete alguns dias de paz.

Dê férias ao coração.

Aceite meia hora de silêncio.

Contemple uma flor.

Deixe que sua voz interior grite.

Nosso complexo de onipotência cria a ilusão de que podemos funcionar sempre, sem descanso.

O resultado é trágico: estresse, o mal do século.

Pare um minuto.

Reze.

Olhe para o Universo e veja o que existe de bom.

Exercite-se na arte de ser feliz.

Confraternize com todas as pessoas de todo o mundo.

(Momento de Fé)

LEITURA ORANTES EMAÚS - PARTE VI


(...continuação)
3. Criar um contexto comunitário orante que abre os olhos
O que abriu os olhos dos discípulos foi o contexto comunitário: a hospitalidade, a oração antes de comer, a mesa comum, a partilha do pão.
A comunidade que se formava ao redor de Jesus tinha o seu ritmo de vida diário, semanal e anual, dentro do qual os discípulos recebiam a sua formação:

O ritmo diário em casa, na família:
No tempo de Jesus, nas casas de família e nos pequenos grupos, todas as pessoas rezavam três vezes ao dia: de manhã, ao meio dia e à noite. Eram os três momentos em que, no Templo em Jerusalém, se oferecia o sacrifício. Junto com o incenso e a fumaça dos sacrifícios subia até Deus a oração do seu povo. Estas orações, tiradas da Bíblia ou por ela inspiradas, marcavam o ritmo diário da vida de Jesus e da sua comunidade ao longo dos três anos de formação.

O ritmo semanal na comunidade, sinagoga:
Um escrito antigo da Tradição Judaica, chamado Pirquê Abot, dizia: “O mundo repousa sobre três colunas: a Lei, o Culto e o Amor”. Ou seja, a Bíblia, a Celebração e o Serviço. Era o que o povo fazia todos os Sábados na sinagoga. Mesmo durante as viagens missionárias, Jesus e os discípulos tinham o “costume” (Lc 4,16) de, aos sábados, se reunirem com a comunidade local na sinagoga para ouvir as leituras da Bíblia (Lei), para rezar e louvar a Deus (Culto) e para discutir os serviços a serem realizados para a edificação da comunidade e a ajuda a ser oferecida às pessoas (Amor) (Lc 4,16.44; Mc 1,39).
Até hoje, este ainda é o ambiente formador das nossas Comunidades Eclesiais de Base: ouvir em comunidade a leitura da Palavra de Deus (Lei, Bíblia), rezar juntos (Culto, Celebração) e combinar entre si o que fazer para melhor a vida dos irmãos e das irmãs (Serviço, Amor).

O ritmo anual no Templo, no meio do povo:
Cada ano, o povo tinha que fazer três romarias para visitar a Deus no seu Templo em Jerusalém nas três grandes festas, que marcavam o ano litúrgico e nas quais se celebravam os momentos importantes da história do Povo de Deus: Páscoa, Pentecostes, ou festa das semanas e a festa das Tendas (Ex 23,14-17; Dt 16,9). Jesus e os discípulos participavam das romarias e visitavam o Templo de Jerusalém (Jo 2,13; 5,1; 7,14; 10,22; 11,55).
Através deste tríplice ritmo (diário, semanal e anual), criava-se um ambiente familiar e comunitário, impregnado pela leitura orante da Palavra de Deus. A formação, que os discípulos assim recebiam, não era, em primeiro lugar, a transmissão de verdades a serem estudadas e decoradas, mas sim a comunicação da nova experiência de Deus e da vida que irradiava de Jesus para os discípulos e as discípulas.
A própria comunidade que se formava ao redor de Jesus era a expressão desta nova experiência de Deus e da vida. A formação levava as pessoas a terem outros olhos, outras atitudes. Fazia nascer nelas uma nova consciência a respeito da sua vocação e a respeito de si mesmas. Fazia com que fossem colocando os pés do lado dos excluídos. Produzia aos poucos a “conversão” como conseqüência da aceitação da Boa Nova (Mc 1,15). Sem esta experiência comunitária da Leitura Orante, o estudo da Bíblia cairia no vazio.

(Pe. Valdiran Santos)

(continua...)

domingo, 25 de dezembro de 2011

FELIZ NATAL





Tempo de fé.

Felicidade nos corações humanos. 

Esperança de dias melhores. 

Inspirações de amor.

Família reunida. 

União cristã. 

Encontros acontecendo. 

Festa preparada. 

Estrela brilhando, 

Cristo nascendo. 

Tempo preparado, para vê-lo chegar.

Céu aplaudindo.

Caminhos se abrindo. 

Vida florindo. 

Mundo sorrindo.

Fraternidade se manifestando. 

Gente perdoando.

Mãos se juntando. 

Humanidade agradecendo. 

Tudo é prece. 

E momento de paz. 

Ele veio para nos salvar...

Por isto

É Natal com Ágape!
 

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

CEIA COM OS MORADORES DE RUA



Convidamos aos que se sentirem tocados, a participarem da Ceia de Natal que realizaremos no dia 25 de dezembro às 17 hs, no Largo do Japonês no Bairro da Cachoeirinha - São Paulo - Brasil, com os moradores de ruas assistidos pela Fraternidade Missionária Emaús durante o ano de 2011.
Agradecemos a todos que de alguma forma ajudaram nossa Fraternidade durante este ano com doações, serviços voluntários e orações.
Neste Natal desejamos que o Menino Luz renasça em cada coração sustentando a vida de todos com muita alegria, paz, saúde e amor.
E que neste novo ano possamos na graça de Deus mais uma vez seguir no caminho como discípulos de Emaús.

Feliz Natal e Próspero Ano Novo.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

LEITURA ORANTES EMAÚS - PARTE V


A chave para descobrir a Palavra de Deus na vida é esta: alimentar em nós “os mesmos sentimentos que animavam Jesus” (Fl 2,5); buscar uma profunda experiência de Deus e, ao mesmo tempo, como Jesus e como Servo, estar muito atento aos problemas das pessoas desanimadas que precisam de uma palavra de conforto.
Como conseguir esta atitude, este olhar? Como criar em nós os mesmos sentimentos que animavam Jesus? Aqui seguem três sugestões ou conselhos: 1. Seguir Jesus; 2. Usar o método de Jesus; 3. Criar um contexto comunitário orante.
1. Seguir Jesus
O seguimento de Jesus tinha três dimensões que perduram até hoje e que formam o eixo central do processo de formação dos discípulos e da assimilação do jeito de viver de Jesus:
* Imitar o exemplo do Mestre:
Jesus era o modelo a ser recriado na vida do discípulo ou da discípula (Jo 13,13-15). A convivência diária com o mestre permitia um confronto constante. Nesta “escola de Jesus” só se ensinava uma única matéria: o Reino! E este Reino se reconhecia na vida e na prática do Mestre. Isto exige de nós leitura e meditação constantes do evangelho para olharmos no espelho da vida de Jesus.
* Participar no destino do Mestre:
A imitação do Mestre não era um aprendizado teórico. Quem seguia Jesus devia comprometer-se com ele e “estar com ele nas tentações” (Lc 22,28), inclusive na perseguição (Jo 15,20; Mt 10,24-25). Devia estar disposto a carregar a cruz e a morrer com ele (Mc 8,34-35; Jo 11,16). Isto exige de nós um compromisso concreto e diário de fidelidade com o mesmo ideal com que Jesus, fiel ao Pai, se comprometia.
* Ter a vida de Jesus dentro de si:
Depois da Páscoa, surge uma terceira dimensão, fruto da ação do Espírito de Jesus na vida das pessoas que levava os primeiros cristãos a dizer: “Vivo, mas já não sou eu, é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). Eles procuravam refazer em suas vidas a mesma caminhada de Jesus que tinha morrido em defesa da vida e foi ressuscitado pelo poder de Deus (Fl 3,10-11). Isto exige de nós uma espiritualidade de entrega contínua, alimentada na oração.
2. Usar o método de Jesus na leitura e interpretação da Bíblia (EMAÚS)
No episódio dos discípulos de Emaús (Lc 24,13-35), Lucas apresenta Jesus como intérprete da Bíblia e nos ensina como devemos ler a Escritura. O processo de interpretação seguido por Jesus tem os seguintes passos, misturados entre si:
1º Passo: partir da realidade (Lc 24,13-24)
Jesus encontra os dois discípulos numa situação de medo e dispersão, de descrença e desespero. Eles estavam fugindo. A morte de Jesus na cruz, tinha matado neles a esperança: “Nós esperávamos que ele fosse o libertador, mas…” (Lc 24,21). Jesus se aproxima e caminha com eles, escuta a conversa e pergunta: “De que vocês estão falando? Por que estão tristes?” Mas eles não o reconheciam. Não percebiam a presença da Palavra de Deus que já estava com eles, na vida deles.
O 1º passo é aproximar-se, caminhar junto, escutar a realidade, os problemas; ser capaz de fazer perguntas que ajudem a pessoa a olhar a realidade com um olhar mais crítico.
2º Passo: usar a Bíblia (Lc 24,25-27)
Jesus usa a Bíblia não para dar uma aula sobre a Bíblia, mas para iluminar o problema que fazia sofrer os dois discípulos, para esclarecer a situação que estavam vivendo e para mostrar que a história não tinha escapado de mão de Deus.
O 2º passo é este: com a ajuda da Bíblia, iluminar os fatos e situá-los dentro do conjunto do plano de Deus, transformar a cruz, sinal de morte, em sinal de vida e de esperança. Assim, aquilo que os impedia de caminhar, tornou-se a força principal na caminhada, a nova luz no caminho.
3º Passo: partilhar na comunidade (Lc 24,28-32)
A Bíblia, ela por si, sozinha, não abriu os olhos dos dois, mas a sua leitura e interpretação fizeram arder neles o coração (Lc 24,32), e isto é muito importante. O que faz enxergar mesmo, é o gesto comunitário da hospitalidade, da oração em comum, da partilha do pão ao redor da mesa. No momento em que é reconhecido, Jesus desaparece, e eles mesmos ressuscitam e renascem.
O 3º passo é este: saber criar um ambiente de fé, de fraternidade e de partilha, onde possa atuar o Espírito Santo que nos faz entender o sentido das coisas que Jesus falou, e produz em nós uma experiência de ressurreição e de vida nova (cf. Jo 14,26; 16,13).
Objetivo: Ressuscitar e voltar para Jerusalém (cf Lc 24,33-35)
Imediatamente, eles levantam e voltam para Jerusalém. Tudo mudou: coragem, em vez de medo; retorno, em vez de fuga; fé, em vez de descrença; esperança, em vez de desespero; consciência crítica, em vez de fatalismo frente ao poder; liberdade, em vez de opressão! Em vez da má noticia da morte, a Boa Notícia da Ressurreição!
O objetivo da leitura orante da Bíblia, é este: criar coragem e voltar para Jerusalém, onde continuam vivas as forças de morte que mataram Jesus. Os dois discípulos, eles mesmos ressuscitaram. Venceram o medo da morte e das forças da morte.

(Pe. Valdiran Santos)
(...continua)

domingo, 27 de novembro de 2011

LEITURA ORANTES EMAÚS - PARTE IV




O Testemunho de Jesus

   Os textos do Servo de Javé (cf Is 42,1-9; 49,1-6; 50,4-9; 52,13-53,12; 61,1-2) foram a ação para Jesus descobrir e assumir sua vocação como Messias.
   Este texto do Servo que acabamos de ler (Is 50,4-5) é uma espécie de auto-retrato do próprio Jesus. Como o Servo do livro de Isaías, Jesus meditava e escutava a Palavra de Deus. Diz o evangelho de Marcos: “De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto” (Mc 1,35). Jesus passava noites em oração, meditando a Palavra de Deus (cf. Lc 5,16; 6,12; 9,18.28; 11,1).
   Na raiz da leitura que Jesus fazia da Palavra de Deus estava a sua experiência de Deus como Pai. A intimidade com o Pai dava a ele um critério novo, um olhar mais penetrante, que o colocava em contato direto com Deus, o autor tanto da Bíblia como da vida. Por isso São Paulo recomenda: “Procurem ter em vocês os mesmos sentimentos que animavam Jesus” (Flp 2,5). Pois se tivermos em nós os mesmos sentimentos de Jesus, teremos também o mesmo olhar com que Jesus lia a Bíblia. A seguinte comparação ajuda para entender este assunto.
   Numa roda de amigos alguém mostrou uma fotografia, onde se via um homem de rosto severo, com o dedo levantado, quase agredindo o público. Todos ficaram com a idéia de se tratar de uma pessoa inflexível e antipática que não permitia intimidade. Enquanto comentavam a fotografia, chegou um rapaz, viu a fotografia e exclamou: “É meu pai!” Os outros olharam para ele e disseram: “Pai severo, hein!” Ele respondeu: “Não é não! Meu pai é muito carinhoso. Ele é advogado. Aquela fotografia foi tirada no tribunal na hora em que ele denunciava o crime de um latifundiário que queria despejar uns pobres para apropriar-se do terreno deles e construir um prédio grande para alugar e assim ganhar mais dinheiro”. Meu pai defendeu os direitos dos pobres e ganhou a causa. Até hoje os pobres continuam morando em suas casas. Graças a Deus!” Todos olharam de novo a fotografia e alguém comentou: “Que fotografia simpática!” Como por um milagre, a fotografia se iluminou por dentro e começou a tomar um outro aspecto. Aquele rosto tão severo adquiriu os traços de uma grande ternura! A experiência do filho, sem mudar um traço sequer, mudou tudo.
  Olhando as fotografias do Antigo Testamento, o povo no tempo de Jesus imaginava Deus como alguém distante, severo, de difícil acesso, cujo nome nem sequer podia ser pronunciado. Em vez de Javé diziam Adonai, isto é, Senhor. Jesus chegou e disse: “É meu Pai!” As palavras e gestos de Jesus, nascidas da sua experiência de Filho, sem mudar uma letra ou vírgula sequer (cf. Mt 5,18), mudaram todo o sentido do Antigo Testamento. A Bíblia se iluminou por dentro. O mesmo Deus que parecia tão distante e severo adquiriu os traços de um Pai bondoso de grande ternura, sempre presente, pronto para acolher e libertar!
   O Novo Testamento é uma releitura do Antigo Testamento feita à luz da nova experiência de Deus como Pai e Mãe, revelada e partilhada a nós por Jesus.

(Pe. Valdiran Santos)

(continua...)

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

LEITURA ORANTES EMAÚS - PARTE III





O Testemunho do Servo de Javé


  Foi na meditação orante da Palavra de Deus que o Servo de Javé, na época do cativeiro da Babilônia, encontrava a força para descobrir e realizar sua vocação como Servo. Ele mesmo descreve como fazia a leitura orante da Palavra de Deus:

“O Senhor me concedeu o dom
de falar como seu discípulo,
para eu saber dizer uma palavra de conforto
a quem está desanimado.
Cada manhã, ele me desperta,
para que eu o escute,
de ouvidos abertos,
como o fazem os discípulos.
O Senhor me abriu os ouvidos
e eu não resisti, nem voltei atrás (Is 50,4-5).”


  Quatro pontos chamam a atenção da gente neste breve testemunho do Servo:

1) Ser Discípulo. Por duas vezes ele se apresenta como discípulo. Ele aprender a falar e a escutar como fazem os discípulos. E ele quer ser discípulo do Senhor. Discípulo é a pessoa que tem consciência de não saber tudo, de não ser dono da verdade, de estar disposto a aprender.

2) Palavra de conforto. Ele está preocupado não em agradar aos grandes, mas em saber encontrar e dizer uma palavra de conforto a quem está desanimado. E no cativeiro da Babilônia havia muita gente desanimada que estava precisando de uma palavra de conforto.

3) De ouvidos abertos. A maneira como ele consegue ser discípulos e aprender como encontrar a palavra certa de conforto a quem está desanimado era colocar-se diante de Deus, todas as manhãs, de ouvidos bem abertos para escutar o que Deus lhe tem a dizer.

4) Atitude de entrega. Quem se abre para Deus, tem a certeza de que Deus vem e responde, mas ele não sabe o que Deus vai responder. O Servo se coloca às ordens de Deus para o que der e vier. Ele não volta atrás diante de uma palavra imprevista.

(Pe. Valdiran Santos)

(continua...)