2- Narra o Evangelho que dois discípulos do Senhor, na tarde do domingo da ressurreição, desanimados, cabisbaixos e frustrados, voltam para Emaús, aldeia próxima de Jerusalém, ignorando totalmente o fato histórico da ressurreição de Cristo, mas julgando-se, porém, bem informados do que lá acontecera.
3- O que aí acontece mostra, na pedagogia de Deus, o que é essencial a todo cristão, na aprendizagem da vida cristã e na vivência do espírito evangelizador.
Vamos, pois, neste trabalho comentar a perícope bíblica de Lucas e colocar nossa experiência de Igreja no mesmo caminho. Tenhamos atenção para com os verbos que aparecem no texto, os quais, pedagogicamente, indicam muitas vezes a atitude do espírito dos caminhantes, pois são próprios da vida de peregrinação de todos nós, entendida numa linha cristã.
4- Assim é que devemos ver, por exemplo, a importância de verbos como: caminhar, partir, conversar, dialogar, escutar, aproximar-se, celebrar, anunciar etc.. O verbo voltar, por exemplo, em Lucas, aparece vinte e cinco vezes, e aproximar-se, trinta e quatro vezes, sendo dezoito no Evangelho e dezesseis nos Atos dos Apóstolos. Dizemos então, como estudo, que tais verbos fazem parte dos temas lucanos.
5- Em Lucas, é importante observar também como ele é cuidadoso no trato com as pessoas, pois se ele narra que Jesus Cristo chama os discípulos de Emaús, por exemplo, de "insensatos e lentos de coração..." (cf. 24,25), deixa antes transparecer que eram virtuosos e compreensivos, pois aceitam um estrangeiro e desconhecido como companheiro de caminhada e a ele revelam toda a experiência de suas vidas, de esperança e de decepções.
6- Vejamos então o texto bíblico em sua expressividade evangélica, dividindo-o em cinco passos, e deixemos também que o nosso coração arda no mesmo fogo do amor de Deus.
1º PASSO: (Lc 24,13-17)
8- Vemos aqui o carinho de Deus, que, nas horas difíceis, sempre se coloca ao lado de quem sofre. E qual é, inicialmente, a atitude de Jesus? Não é, como vemos, a de um falador, de quem tudo sabe, mas sim a de quem procura ouvir primeiro, e, como se ignorasse tudo, faz-lhes então uma pergunta sobre o que eles falavam pelo caminho.
Portanto, aproximar-se e ouvir deve ser a nossa primeira atitude diante do irmão que sofre, desesperançoso e sombrio. O samaritano, como exemplo do que aqui se diz, aproximou-se do ferido e o socorreu (cf. Lc 10,34).
(Pe. Valdiran Santos)
(continua...)
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