segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

LEITURA ORANTES EMAÚS - PARTE IX




(...continuação)

A Voz da Palavra
ressoa não só na Bíblia, mas também se faz ouvir na natureza, no universo, na vida, nos fatos, “sem fala e sem palavras, sem que sua voz seja ouvida” (Sl 19,4). “De fato, desde a criação do mundo, as perfeições invisíveis de Deus, tais como o seu poder eterno e sua divindade, podem ser contempladas, através da inteligência, nas obras que ele realizou” (Rom 1,20).

O Rosto da Palavra
é Jesus de Nazaré, sua vida, seus gestos, suas palavras, seus ensinamentos. Ele é a revelação do Pai. Nele a Palavra se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14). Ele podia dizer: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14,9).

A Casa da Palavra
é a Comunidade, a Igreja. É onde o povo se reúne em torno da Palavra de Deus: “Como pedras vivas, vocês vão entrando na construção do templo espiritual, e formando um sacerdócio santo, destinado a oferecer sacrifícios espirituais que Deus aceita por meio de Jesus Cristo” (1Pd 2,5). Jesus dizia: “Onde dois ou três estão reunidos em meu nome, eu estou aí no meio deles” (Mt 18,20)

O Caminho da Palavra
é a missão que recebemos como discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que nele nossos povos tenham vida. “Caminho” é a palavra usada no livro dos Atos para identificar os cristãos (At 9,2; 19,9; 22,4; 24,14). Indica o compromisso assumido de levar a Boa Nova pelo mundo afora.

  Este é o sentido e o objetivo do convite que nos é feito hoje pela mensagem dos bispos. Os bispos retomaram o antigo convite feito a nós pelo salmo para praticar a Leitura Orante da Palavra de Deus:
“Feliz o homem,
que não segue os conselhos dos ímpios,
não anda no caminho dos maus,
nem frequenta a companhia dos gozadores.
Pelo contrário,
encontra seu prazer na lei do Senhor,
e nela medita dia e noite.
Ele é como árvore plantada junto d’água corrente:
dá fruto no tempo devido,
e suas folhas nunca murcham.
Tudo o que ele faz é bem sucedido.
Feliz este homem!” (Salmo 1,1-3).

  A Leitura Orante da Lei do Senhor faz a pessoa crescer e amadurecer, pois traz consciência crítica frente “aos conselhos dos ímpios”, ajuda a evitar o “caminho dos maus”, torna fecunda a vida que, “como árvore, plantada à beira da água, dará fruto a seu tempo. Sua folhagem não secará, e terá êxito em todos os seus empreendimentos”. Deste modo, se abre para nós o caminho da felicidade: “Feliz este homem!”
Veja também:
  1. Leitura Orante da Bíblia
  2. Leitura Orante, outra vez!
  3. Pe. José Comblin, Pregador da Palavra de Deus
  4. Com a palavra, a ação
  5. Carlos Mesters: A Palavra está presente em todos os setores da vida da Igreja
  6. 12º encontro Intereclesial de CEBs: a atualidade da Palavra
  7. Palavra que chama e faz ser
  8. Palavra e silêncio
  9. João Batista Libanio: “A morte não deve ser o critério de leitura…”
  10. Presbítero, o povo quer ouvir a Palavra que habita em ti!

(Pe. Valdiran Santos)


quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

CEM ANOS EM MISSÃO -1912-2012 -
Irmãs Missionárias de Mayknoll


Celebre conosco a abertura ano Centenário com uma Missa no dia 15 de janeiro de 2012, às 15 horas na Comunidade Santo Antônio de Taipas com Dom Milton Kenan Junior.

Endereço: Estrada de Taipas, 4070 (esquina com Avenida Raimundo Pereira Magalhães)


"...Você me pergunta
quais são as qualidades que devem distinguir
uma irmã de Maryknoll.
Eu queria que ela estivesse distinguida pela caridade
semelhante a Cristo, uma transparente simplicidade de alma,
generosidade heróica, abnegação, infalível lealdade, zelo prudente,
agradável cortezia, uma disposição adaptável, piedade sólida e a
graça salvadora de um humor bondoso."

Madre Maria Jose Rogers
Fundadora das Irmãs Missionárias de Maryknoll

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

LEITURA ORANTES EMAÚS - PARTE VIII



(...continuação)

A Mensagem final do Sínodo dos Bispos

Esta maneira tão antiga de ler e interpretar a Bíblia – tão antiga quanto a própria Bíblia – renasce hoje, tanto na prática tão simples das nossas comunidades, como na palavra abalizada dos bispos reunidos no Sínodo sobre “A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”.
Nas intervenções dos bispos durante o sínodo sobre A Palavra de Deus na Vida e na Missão do Povo de Deus, havia uma insistência muito grande nestes quatro pontos:
1) A Bíblia deve voltar na mão do povo, sobretudo dos pobres;
2) A Leitura Orante diária deve ser retomada sobretudo pelos ministros que animam a fé do povo e pelos que se preparam para servir ao povo como presbíteros;
3) A exegese científica e o estudo acadêmico da Bíblia devem estar voltados para a teologia e a pastoral;
4) É importante retomar e valorizar a visão que os Santos Padres da Igreja tinham da Bíblia.
Na mensagem final do Sínodo ao Povo de Deus, os bispos sintetizaram todo o processo da descoberta, interpretação e meditação orante da Palavra de Deus em quatro símbolos muito sugestivos:
a Voz da Palavra, o Rosto da Palavra, a Casa da Palavra e o Caminho da Palavra.
(Pe. Valdiran Santos)

(...continua)

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

LEITURA ORANTES EMAÚS - PARTE VII




(...continuação)

A comparação dos dois Livros de Deus

Uma comparação esclarecedora de Santo Agostinho dizia: Deus escreveu dois livros.
O primeiro livro é a criação, a natureza, a vida, tudo que existe e acontece. É pelo Livro da Natureza que Deus quer comunicar-se conosco. Mas por causa do nosso pecado as letras deste primeiro livro se atrapalharam e já não conseguimos descobrir a fala de Deus no livro da Vida, da Natureza. Por isso, Deus escreveu um segundo livro, que é a Bíblia.
A Bíblia foi escrita, não para substituir o livro da vida, mas para ajudar-nos a interpretá-lo melhor. E Agostinho enumera os três objetivos desta leitura orante da Bíblia: a Bíblia nos devolve o olhar da contemplação; ela nos ajuda a decifrar o mundo; e faz do universo uma teofania, uma revelação de Deus.
Clemente de Alexandria, Séc. IV, tinha a mesma intuição quando dizia: “Deus salvou os judeus judaicamente, os gregos, gregamente, os bárbaros, barbaramente”. E podemos continuar: “Os brasileiros, brasileiramente”.
A convicção de fé subentendida nesta afirmação é a de que todos temos o nosso Antigo Testamento, temos nossa história, tanto pessoal como comunitária e nacional. Como o AT do povo hebreu, também o nosso AT, a nossa história, está orientada pelo mesmo Espírito do Deus Criador para desembocar na vida plena que nos foi revelada pela paixão, morte e ressurreição de Jesus. O que importa na interpretação de um texto bíblico é descobrir, através do estudo da “letra”, esta mesma orientação para Jesus dentro da nossa vida e história, para que possamos crescer e desabrochar em Jesus e na vida ressuscitada da Comunidade. Este mesmo convite chega agora até nós através da mensagem do Sínodo dos bispos.
(Pe. Valdiran Santos)

(continua...)

Igreja em ação


Publicado no Jornal São Paulo

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Ano Novo, Vida Nova





 
Tempo de avaliar o que passou, para repetir os acertos e corrigir as falhas, para perdoar e esquecer as mágoas.

É hora de recomeçar.

Tantas coisas aconteceram e, no meio da pressa, parece que nunca temos tempo para realizar nossos sonhos
e projetos.

Mais um ano se passou.

Foi tudo tão rápido.

Você olha para trás e vê sucessos e decepções, tristezas e alegrias, fantasias e realidades.

O peso do ano velho ainda está em seus ombros, em sua vida, em seu coração.

É tempo de parar.

Decrete alguns dias de paz.

Dê férias ao coração.

Aceite meia hora de silêncio.

Contemple uma flor.

Deixe que sua voz interior grite.

Nosso complexo de onipotência cria a ilusão de que podemos funcionar sempre, sem descanso.

O resultado é trágico: estresse, o mal do século.

Pare um minuto.

Reze.

Olhe para o Universo e veja o que existe de bom.

Exercite-se na arte de ser feliz.

Confraternize com todas as pessoas de todo o mundo.

(Momento de Fé)

LEITURA ORANTES EMAÚS - PARTE VI


(...continuação)
3. Criar um contexto comunitário orante que abre os olhos
O que abriu os olhos dos discípulos foi o contexto comunitário: a hospitalidade, a oração antes de comer, a mesa comum, a partilha do pão.
A comunidade que se formava ao redor de Jesus tinha o seu ritmo de vida diário, semanal e anual, dentro do qual os discípulos recebiam a sua formação:

O ritmo diário em casa, na família:
No tempo de Jesus, nas casas de família e nos pequenos grupos, todas as pessoas rezavam três vezes ao dia: de manhã, ao meio dia e à noite. Eram os três momentos em que, no Templo em Jerusalém, se oferecia o sacrifício. Junto com o incenso e a fumaça dos sacrifícios subia até Deus a oração do seu povo. Estas orações, tiradas da Bíblia ou por ela inspiradas, marcavam o ritmo diário da vida de Jesus e da sua comunidade ao longo dos três anos de formação.

O ritmo semanal na comunidade, sinagoga:
Um escrito antigo da Tradição Judaica, chamado Pirquê Abot, dizia: “O mundo repousa sobre três colunas: a Lei, o Culto e o Amor”. Ou seja, a Bíblia, a Celebração e o Serviço. Era o que o povo fazia todos os Sábados na sinagoga. Mesmo durante as viagens missionárias, Jesus e os discípulos tinham o “costume” (Lc 4,16) de, aos sábados, se reunirem com a comunidade local na sinagoga para ouvir as leituras da Bíblia (Lei), para rezar e louvar a Deus (Culto) e para discutir os serviços a serem realizados para a edificação da comunidade e a ajuda a ser oferecida às pessoas (Amor) (Lc 4,16.44; Mc 1,39).
Até hoje, este ainda é o ambiente formador das nossas Comunidades Eclesiais de Base: ouvir em comunidade a leitura da Palavra de Deus (Lei, Bíblia), rezar juntos (Culto, Celebração) e combinar entre si o que fazer para melhor a vida dos irmãos e das irmãs (Serviço, Amor).

O ritmo anual no Templo, no meio do povo:
Cada ano, o povo tinha que fazer três romarias para visitar a Deus no seu Templo em Jerusalém nas três grandes festas, que marcavam o ano litúrgico e nas quais se celebravam os momentos importantes da história do Povo de Deus: Páscoa, Pentecostes, ou festa das semanas e a festa das Tendas (Ex 23,14-17; Dt 16,9). Jesus e os discípulos participavam das romarias e visitavam o Templo de Jerusalém (Jo 2,13; 5,1; 7,14; 10,22; 11,55).
Através deste tríplice ritmo (diário, semanal e anual), criava-se um ambiente familiar e comunitário, impregnado pela leitura orante da Palavra de Deus. A formação, que os discípulos assim recebiam, não era, em primeiro lugar, a transmissão de verdades a serem estudadas e decoradas, mas sim a comunicação da nova experiência de Deus e da vida que irradiava de Jesus para os discípulos e as discípulas.
A própria comunidade que se formava ao redor de Jesus era a expressão desta nova experiência de Deus e da vida. A formação levava as pessoas a terem outros olhos, outras atitudes. Fazia nascer nelas uma nova consciência a respeito da sua vocação e a respeito de si mesmas. Fazia com que fossem colocando os pés do lado dos excluídos. Produzia aos poucos a “conversão” como conseqüência da aceitação da Boa Nova (Mc 1,15). Sem esta experiência comunitária da Leitura Orante, o estudo da Bíblia cairia no vazio.

(Pe. Valdiran Santos)

(continua...)