terça-feira, 3 de janeiro de 2012

LEITURA ORANTES EMAÚS - PARTE VII




(...continuação)

A comparação dos dois Livros de Deus

Uma comparação esclarecedora de Santo Agostinho dizia: Deus escreveu dois livros.
O primeiro livro é a criação, a natureza, a vida, tudo que existe e acontece. É pelo Livro da Natureza que Deus quer comunicar-se conosco. Mas por causa do nosso pecado as letras deste primeiro livro se atrapalharam e já não conseguimos descobrir a fala de Deus no livro da Vida, da Natureza. Por isso, Deus escreveu um segundo livro, que é a Bíblia.
A Bíblia foi escrita, não para substituir o livro da vida, mas para ajudar-nos a interpretá-lo melhor. E Agostinho enumera os três objetivos desta leitura orante da Bíblia: a Bíblia nos devolve o olhar da contemplação; ela nos ajuda a decifrar o mundo; e faz do universo uma teofania, uma revelação de Deus.
Clemente de Alexandria, Séc. IV, tinha a mesma intuição quando dizia: “Deus salvou os judeus judaicamente, os gregos, gregamente, os bárbaros, barbaramente”. E podemos continuar: “Os brasileiros, brasileiramente”.
A convicção de fé subentendida nesta afirmação é a de que todos temos o nosso Antigo Testamento, temos nossa história, tanto pessoal como comunitária e nacional. Como o AT do povo hebreu, também o nosso AT, a nossa história, está orientada pelo mesmo Espírito do Deus Criador para desembocar na vida plena que nos foi revelada pela paixão, morte e ressurreição de Jesus. O que importa na interpretação de um texto bíblico é descobrir, através do estudo da “letra”, esta mesma orientação para Jesus dentro da nossa vida e história, para que possamos crescer e desabrochar em Jesus e na vida ressuscitada da Comunidade. Este mesmo convite chega agora até nós através da mensagem do Sínodo dos bispos.
(Pe. Valdiran Santos)

(continua...)

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